20 de março de 2014

Total escassez
Suzette Rizzo

Preciso amar para que a inspiração volte,
não basta dor e melancolia,
não basta angustia ou apatia
para tecer poesia.
Preciso amar aquele amor de tirar o fôlego,
sabe qual?
Aquele que o coração quase sai pela boca
quando chega,
aquele que ao ouvir a voz... só a voz

e a gente flutua, voa como passarinho,
sentindo aroma no ar.
Preciso amar para esparramar meus versos
por aí,
deixá-los abraçar a quem necessite
de um contato... como eu.

É simplesmente vital

amar pra renascer.
Desfecho
Suzette Rizzo

Um certo sabor exótico
encontrar no depósito
das lembranças
razões e resumo das fases diversas
de um  tempo utópico.

Mas é bom tapar ouvidos
aos sons mais atrevidos
daquela voz,
misturando o que foi dito
de bom ou ardido.

O melhor mesmo é deixar dormir
o que secou,
seguir  a estrada das surpresas,
atropelar desastrosos vínculos.

Fechar a porta,
a caixa,
o exaurido,
viver novo inicio.





19 de março de 2014

Desejos de voltar - Suzette Rizzo

























Quisera ter a meu lado
quem dedilhasse algum instrumento
e tocasse canções de amor
aos meus ouvidos...
Fizesse-me juramentos,
e eu pudesse descansar desejos
de voltar atrás.
Não tenho! 

Então, alguém piedoso, por favor,
traga-me aquelas borboletas
de asas aveludadas
e, alguns bem-te-vis do quintal
da minha infância,
a esta vida extenuada de querer
e não ter vida normal. 

Tragam-me um pedaço de quindim,
biscoitos de polvilho da vovó...
E por favor, levem de mim
este destino pestilento,
fértil em tormentos,
como mariposas reproduzindo-se
nas lâmpadas suspensas. 

Depressa, por favor,
antes que eu endoideça neste cercado,
morra sem pedir licença
e outra vez volte ao passado
pra ser criança outra vez.
                                          Suzette Rizzo






18 de março de 2014

Agora
Suzette Rizzo

Foi reunindo versos,
guardando ternuras,
excluindo assim carências,
extravasando defeitos,
caminhando sem perceber
por um labirinto estreito
sem qualquer destino.
Agora, ficou visão de lagoa seca, 
pra de vez em quando 
ele brincar 
de ver peixinhos.


Senso
Suzette Rizzo

Abracei o poema, mais um,
pendurando no peito palavras,
dissecando-as,
sentido-me pelo meio.
Perguntei-me tantas vezes o  que fui,
o que sou
senão a continuidade da miragem,
senão uma ilusão desfeita...


Continuo em desvantagem
sendo sempre fantasma,
num repente evaporado
como plasma..

  

17 de março de 2014

Compaixão
Suzette Rizzo

Dói feito picada de abelha,
dói mas passa
como furo na orelha.
Enganação dói,
também passa
se a gente não olhar mais
nem de esguelha.
Tudo passa, qualquer dor de amor,
dor da partida, dor da existência,
dor grande e dor pequena.




Ultimamente ando apática,
com raiva, com dó de mim,
do tema, do teu dilema.

Ando com pena! Só com pena!
Oscilação
Suzette Rizzo

Não sei se quero voltar
ao meu total silencio,
aquele que não me obrigava falar,
pensar, responder...
Não sei se quero de volta a solidão
que tão mal me fez.
Minha alma está com a minha cara,
tristonha, cabisbaixa
e de tão incompreendida,
estou  meio que destroçada,
fazendo café mais forte
e dormindo nada.
Tenho corpo e espírito despencados,
caindo pra fora dos meus pecados
que ainda bem são leves...
Apenas depressivos,
um tanto amuados.



.
Falta de ar
Suzette Rizzo
 
Enroscada
nesta emboscada.

Nessa hora queria asas,
quatros patas,
ser rio de corredeira,
nuvem apressada.



E nem a chuva lava,
nem a vida passa
ou essa coisa desmaia.

Estou enredada
feito um peixe semimorto 
de boca aberta,
pedindo socorro entre soluços
espetada em quatro arestas

não morro...
mas desespero-me quando a boca fecha.

Esse mundo é um soco no meu nariz,
cúpula fechada, refluxo de ar,
e ele, somente aprendiz,
aprisionando sem motivo
quem  não amou ou deixou de amar.




Uma resposta
Suzette Rizzo

Leis foram feitas por deuses e homens.
Discordo de muitas, aceito algumas.
No entanto, uma coisa é fato.
Se  fez algo ruim, arque com as conseqüências,
ninguém sofrerá em seu lugar
e nada limpará sua alma 
exceto o seu retornar.
Leis foram feitas,
cada um crê no escolhido Avatar.
O certo para mim é a Divina Justiça,
seja qual for o pecar.
Vergonha de mim
Suzette Rizzo

Perco os olhos no estampado do lençol,
revendo cenas aflitivas ...
A boca já não fala comigo,
o espelho não me aceita como sempre
e eu apenas respiro.
Se ficar quieta não sinto o corpo
e amortecida não existo,
exceto pelo desenrolar pensares...
mas só eu sei a altura do grito.


Enrolo-me no lençol cerrando os olhos,
apertando-os o máximo que posso,
para esconder a vergonha que sinto
de ainda precisar-te
nos meus sonhos indistintos.


16 de março de 2014

DESTINO... PARAÍSO
Suzette Rizzo


O tempo presente deixou de existir,
perdeu a graça...
Perdi qualquer vontade.
Sem você  a vida é chata,
sem você sinto saudade!

Eu disse... sabia...
Você seria a última página!
E foi como pressenti.
E como pressenti, se foi
pra longe daqui !

Queria pelo menos imaginar
seus dias espirituais
querido amor!
Vê-lo em sonhos, sempre...
sentir sua presença, mais e mais!

Porém,
seu Paraíso esta distante,
tão distante que  meus olhos
não  alcançam...
Tão sutil, que minha alma
raramente o percebe...

Contudo, meus olhos choram,
comovem-se...
Sou ainda, quem lhe persegue!

Queria somente a resposta,
para  quando  meu corpo
o  envolve ...

Afinal, quando  aperto
visões em meus braços,
você sente?
você gosta?


Decida-se
Suzette Rizzo


Conheça-me
antes da primavera.
Gosto de flores
durante o inverno,
beijos pelo telefone,
poema com chocolate fervendo
nas noites geladas,
cores quentes,
música sempre.
Permita que nossos sonhos
se busquem
e nada interfira
na decisão tomada.
Distinga
quem te ama de quem te deseja.
Conheça-me
e escolha de vez
quem quer que te prenda .
Suzette Rizzo
 

 



Desqualificado amor
Suzette Rizzo

Degenerado amor alterado,
esfomeado da cor azul,
cobrindo a vida com seu manto noturno
prenuncio de chuvosa madrugada,
pra cutucar a ausência
comprovada.
 
Maldito amor quebrado,
gasto e desnutrido
de beijos e carinhos,
amor que deita junto
na cama vaga
e cobre o corpo de vazios,
quisera apenas temporários.
 
Amor desaforado,
permanecido sem que eu queira,
formando sonhos indesejáveis
nesta cabeça...
beijando morno como primeiro beijo,
quando a imprudência gritou mais alto
e fraquejou matando medos.
 
Amor desabrigado,
sem ombro, sem colo
nem amanhã ensolarado...
Ao relento em qualquer estação,
entregue a saudade do gosto
e do corpo,
maldito... safado...

Suzette Rizzo
E jamais seria
Suzette Rizzo

Deitei na cama fria,
engolindo a poeira
que não sacudi
e, o vento
esqueceu de varrer.

Mergulhei de cabeça,
nos mares frios
da sua insensibilidade...
tentando sensibilizá-lo,
endeusá-lo,
amanhecer a vida que pensei
lhe foi recusada! 

Mas, era madrugada
e a noite é perversa...
Você era o canalha
armado a navalha
e eu, a idiota perfeita
pra ser sua festa ! 

E fui caindo a seus pés,
sentindo a canseira,
deixando meus restos na
esteira,
da noite eterna! 

Você jamais seria,
o que julguei ter visto:
Meu refugio no planeta,
alguém pra ser par
do meu espírito !

Qual nada !!!
Depois soube tudo...
você foi nada !


Suzette Rizzo
ALMA ISOLADA
Suzette Rizzo 

Não tenho parada...
meus nervos parecem pular
e me agito assim trancada
a este isolado lugar. 

Tenho chorado...
o que me resta é chorar...
Tenho rezado e pedido,
só me resta esperar. 

Ai! Que aflição medonha!
labirinto encrencado, este meu,
ladeado de escuridão
e um único portão
que não consigo abrir. 

Do outro lado a vida passa, aqui não...
Do outro lado alguém nasce,
alguém se casa
e aqui ando morrendo,
morrendo mesmo, de solidão. 

Vejo a sombra de mim,
apalpo restos de mim,
sinto-me  rebotalho
e sei, nada resguardo
e nem me importa mais o fim. 

Contudo, me agito...
Na verdade não quero isso.
Mas, que adianta esmurrar o peito
se tudo esta feito? 

Meu passado, meu destino,
meus fracassos e a incrível covardia
que me fez  joguete e alvo
do que sou por ironia. 

E esta tensão, este pânico todo,
de querer sem conseguir,
faz-me vida por um fio...
desalento totalizado
alma tremula de frio. 

É vazio continuado,
nada mesmo a preencher meus dias...
Somente nostalgia,
essa coisa que impulsiona, 
o eco da dor que judia.
Suzette Rizzo