15 de dezembro de 2013

Posse
Suzette Rizzo

Lilith se apossou da metade da alma dele,
desse alguém indecifrável,
vampirizador  de qualquer sentir otário.
Sugou-me tanto, tanto,
mas então, como parte de mim se despedaçou,
julguei ter sido a volta do mago asteca.
Porém, já não me cercam anjos, nem azuis...

O que me cerca é algo infeccionado
borbulhando pus.
A voz que ouço dói, não mais encanta
e as palavras não se juntam
nem meu corpo se balança.
Lilith leva a cada dia mais e mais
a alma dele
para a cama onde ela sangra.

Fico de fora sentindo odores contaminados.

Ingiro o final das minhas alucinações,
escorregando a alma culposa pelo umbral.
O peito aperta, o coração dispara,
o ar não vem,
quando imagino Lilith corroendo a carne,
de quem já foi meu maior bem


Friday, December 13, 2013