3 de março de 2015

No portão



No portão
Suzette Rizzo

Delineei–te por trás das pálpebras,  
exaustas da visão da sala sombria.
Deitei-me no tapete vermelho
e tentei extrair tua voz,
do vazio ao meu ouvido.

Só podia ser mentira!

Não te irias assim sem mais nem menos,
só porque expulso por mim
numa hora de fúria.
Na verdade, na excitação,
nem me lembrei da outra,
espreitando no portão.



Fuga


Fuga
Suzette Rizzo


Dormir, fugir,
é o sonho de uma insone
intolerante às lembranças, 
lambuzadas da má sorte
de patéticas manhãs.
Se pudesse arrastar a alma,
a levaria aos portais da calma,
e...  talvez adormecesse de mim
aquele moço,
entre nuvens sem rosto,
sem gosto...