2 de novembro de 2014

Real Pesadelo


REAL PESADELO
Suzette Rizzo



Viveria bem uma lenda,
não esta estúpida realidade...
Um destino mais bem definido
na palma de minha mão,
não o rumo que as coisas
tomaram,
não  este cerco maldito.


Viveria bem,
uma historia de amor sofrido...
Não várias, não mortes,
embaraçando a alma aflita,
atirando-me na cara
tantas injustiças,
mantendo-me mal e viva.


E viveria bem,
se a inveja não me afetasse...
Se causas e efeitos
não pesassem tanto...
Se a alma magoada não latejasse...
Se os muros todos não desabassem...
Se de vez,
a covardia  não  me liquidasse


Viveria, não fosse esta legião
atirando-me contra a parede,
soprando sobre mim com fúria,
arrastando-me para trás...
Meus sonhos também atiram pedras
e nenhuma luz tem surgido,
em meio aos medos
destes reais pesadelos!



Suzette Rizzo

A vida no Mundo


A vida no Mundo
(Oposição)
                 Suzette Rizzo

A vida não é um poema de Tagore
nem o desencadear de um vento visitante...

Não é, creia-me, um drama temporário
nem a linda canção dos pássaros.

A vida é o lar carcerário,
um tempo quase sempre trágico.

Saiba, a vida fura como estiletes
fere com unhas de bruxa,

dilacera como caninos das feras
ingere como a morte ingere, nossa alma.

Vida é poema deficiente,
capaz de deleitar a vista

e ao mesmo tempo esmagar-nos
ensandecida e mediocremente

Porque o mundo segundo Nietzsche  
é um monstro paranoico e lamacento
e somos  irmãos de quem disse.

Vida é sonho caído da estrela
que o mundo escorraça

e o chão freia,
em meio ao todo de mentes doentes...

E os ideais espatifados no solo
não são de um meteoro

ou rápido cometa
sofrendo de vez a queda

Além disso, vida é só perda
é lenta e teimosa como um burrico
empacado em frente a cerca.
                                            Suzette Rizzo

Pássaro Desgarrado


Pássaro Desgarrado
Suzette Rizzo



Vejo um único caminho
encoberto pela neblina,
cego de tantas lágrimas.
Bem dizem as linhas desta mão,
todas entrelaçadas
como espinheiros,
que estas páginas cairiam nos bueiros
desta caminhada.

O aperto do sofrimento
e o agudo da  sensibilidade,
faz com que meu espírito
queira gestar luzes e cores.
e são esses os desejos
de quem aprendeu nas dores

Mesmo beirando abismos
ouço a chamar-me os sinos.
que entoam  pelas noites
deste meu mundo sem ninho.
 Sou um pássaro desgarrado,
que ecoa gritos...

Pousado em badalos desordenados
na ventania do destino