4 de novembro de 2017

Angústias – Suzette Rizzo



Há uma angústia inexplicável por dentro,
certa melancolia companheira
que nunca me deixa.
São sentimentos estranhos
brotando como mato
quando sufoca o jardim.
Não sei onde se esconderam as ilusões,
a magia dos dias,
a saudade visitando as noites,
estrelas salpicando sonhos,
o aroma jasmim.
Há uma sequência de poemas iguais
impedindo meu sono,
forçando rimas e sons repetidos,
arritmia e refluxo,
canções e gritos.
Não sei em qual dobra da vida me escondi...
O que encontro no espelho,
nada tem de mim.
Suzette Rizzo - November 2, 2017





Novas cores - Suzette Rizzo




E eu que pensei ter sofrido o auge do sofrer!
Não sofri quase nada nem amei tanto,
quanto pensei.
De repente conheço a Piaf,
com sua voz de arrancar aplausos
dos mais verdadeiros...
E sei o quanto as emoções
demoliram seu corpo
e todos seus sonhos voaram ligeiros.
E eu que pensei ser dos poucos infelizes,
dos poucos os que não procuram dores
e encontram pelo caminho, mais espinhos que flores.
De repente conheço a Piaf, 
para acordar em mim... novas cores!
Suzette Rizzo - November 4, 2017





Chacal Dourado - Suzette Rizzo


 
Caiu em tantas armadilhas
e era naturalmente sábio,
sem ter estudado muito ou lido quase nada.
Deve ter vivido ciclos, múltiplas existências,
cujos carmas se acumularam
e como um balão furado ventou
sobre mais esta vida.
Carregou fardos...
encantou deusas...
matou de amor...
Fez o que bem quis, consciente e luzente,
pois a mim ressuscitou.
Senti ser ele, a causa e o efeito... 
o escuro e o lume,
a espada de dois gumes.
Deve ter sido um chacal dourado, 
deve sim,
um lindo chacal solitário,
esfomeado de mortes,
pois gritava seus ares sinistros
causador de arrepios,
arrebatava qualquer boa sorte.
Deve ter vivido num calabolço,
ruínas mal assombradas,
ter quebrado sinos, 
mais de uma vez expulso do limbo,
ter se chamado anjo da morte.
Caiu aqui nestes olhos turvos,
unindo-se a mim pobre criatura
sem destino ou passaporte
Suzette Rizzo