15 de abril de 2014

A lei do acaso
Suzette Rizzo

Aquele que é par,
mora num corpo escorregadio,
nos erros do livre arbítrio,
na caixa das provações.

Atrai por vaidade,
seduz com orgulho,
mas, chora a consciência
e todas as culpas,
da fria realidade. 

É lua, sombra, sal,
mas veste-se de sol,
enganando assim as almas,
daqueles que enxergam
só visual! 

Aquele que é par,
deduzi, veio por acaso
morar na minha intuição.
Depois concluí, teria que vir,
teria que ser e seria,
o ruim da minha lição...
O mal que vem prá trazer
evolução! 

Ergui-me da queda
dolorida, intimidada,
mas, capaz de reconhecer;
Que o acaso era lei,
que o efeito era o fato
e nada se colhe,
se Deus não quiser!

Suzette Rizzo

















Único amor
Suzette Rizzo

Passou por mim como brisa
e refrescou a aura febril,
depositando em minha boca
o sorriso perdido.
Iluminou, assim como o luar
prateia a rua
feito raios de sol que se alastram
ao despedirem-se da lua...
Então, aqueceu esperanças,
abrindo um novo caminho
para eu prosseguir.
Transformou-se em grande árvore
sombreando meu cansaço,
ninando o insone passado
esquecido de dormir. 
Foi o filho pra eu ter cuidados,
afagar, fazer mimos...
e sentir-me simplesmente útil.
E foi pai
para proteger-me do mundo
aconselhar-me com sabedoria
afastar-me das rapinas...
Tornou-se sonho para seguir-me
de modo sutil,
ser par da alma minha.
E foi anjo lindo, doido,
príncipe e amigo,
Apolo e arcanjo,
meu único amor.

Suzette Rizzo _ 30 12 2000

Uma pergunta que rendeu poesia.

Suzette Rizzo

De certa forma, neste momento,
orgulho-me, sim !
Não do ser desastroso que sou,
não da história que rolou,
mas da minha poesia.


Nela solto com detalhes
a alma enxovalhada,
os amores ordinários
e aqueles que são parte
da poesia inacabada.


Não que use a poesia
para emendar meus pedaços,
dedilhe meus segredos
no teclado
como escape.


Sou mesmo um livro aberto
e não me importo com comentários
se choram ou gargalham
a respeito do que exprimo.
Jamais reprimo!


Sempre fui assim:
Apenas o que sinto!
E é o livre arbítrio da alma
que escreve por mim.


Fazer o quê?
Sou poeta, sim!


Suzette Rizzo


AUTOCRÍTICA
Suzette Rizzo

Mudei a marca do cigarro, 
do Free para o menta.
Quem sabe assim o pulmão arrebenta.
Estou vivendo insuportavelmente,
querendo que anoiteça,
logo amanheça,
tempo integral pra não viver
neste meu mundo proveta
que não me deixa nascer.

Sinto-me numa ampola,
num pote fechado a vácuo...
se abrirem, explodo e pronto.
Ou melhor, me sinto
num espremedor,
pra ser ainda mais exata
numa frigideira,
grudada na borda,
sem poder espirrar logo pra fora.

E pensar que um dia
fiz do amor meu abrigo
e hoje estou desabrigada, solitária,
azeda
e muito, muito amarga.
Pudera! 
Minha vida tem sido apática,
desprovida de sensações,
constantemente magra.

Mudei a cama de lugar,
baguncei a papelada
e nem mesmo assim encontrei
bom motivo,
que me mantenha ativada.

Tenho fumado demais
e dormido pouco...
uma ou duas horas por noite.
Meus músculos estão retesados,
a garganta viciada da fumaça
e não encontro meu point
nem o porto ou a barcaça.

Meu blog 
virou diário de flagelado
a mesa de embriagado...
E poesia, virou esta coisa sem graça, 
demais rimada, 
meio que aposentada.

E o poeta que foi pra Lisboa,
nem mais enviou e-mails...
Claro!
O AVG venceu e nem vi,
meu cão latiu nem ouvi...
estou assim, na verdade escrevendo,
aquilo que não ouço nem de mim. 

Que a menta gele tudo isso,
que o sono venha pra valer.
Chega! Chega de soluços
rasgando a noite,
saber coisas que são açoite
e chega de escrever asneiras,
ver besteiras na TV.

Meu coração poeta virou isso...
Critica racional,
entediante cansaço de mim...
Alem, trago na alma o desdenho
de ter nascido e mulher,
desde o inicio, no fim.
Suzette Rizzo


Varal do peito
Suzette Rizzo

Saudade encharcada
pescada no rio da essência,
ambas semi afogadas
na enchente de lágrimas.
Saudade ao vento,
pendurada no varal que há no peito,
esvoaçando a falta vital;
Ainda bem
que cada vez mais lento !

Suzette Rizzo


Peso
Suzette Rizzo

Esta mulher que sou,
preenche a cabeça
das coisas que não quero
e mesmo assim relembro.
Seria bom extrair pesadelos
e que eles rolassem degolados
das minhas profundezas.
Porque esta mulher que sou,
necessita extinguir do imo
o peso das asperezas.

Suzette Rizzo