9 de maio de 2017

Ansiedade

Ansiedade 
Suzette Rizzo

Certa ansiedade amarrota meus dias,
amortiza a poesia
e não quero mais
escrever trancos da vida,
insensatez de outro ser,
nenhuma nocividade ativa.

Contudo, não posso exterminar de vez
o pensamento que já não brota
como a nascente de um rio,
embora a alma não queira
turbulências imprevistas,
nem pavios acesos com carência afetiva.

Certa ansiedade
turva um pouco a vista
e dá nó de marinheiro,
unindo restos de inspiração
à paixão semi afogada
nos mares da vida.

Eu quero mesmo um final definitivo
nesse delito repetido
e nunca mais a ousada perturbação
apontando a esquina,
expondo a fraude no sorriso.




Nada



Nada
Suzette Rizzo

Não tenho estilo,
não tenho saudades
e exceto um gosto ardido,
não mais sinto o poema
de mim saindo.
Nada a dizer depois da dor
de te ver se indo!











Desordem


Desordem
Suzette Rizzo

Observar outras paisagens,
conhecer outras cidades,
ouvir novidades,
novos sons.
Quanta fome das cachoeiras que não vi,
dos frutos que não comi...
No entanto,
pior é a sede do amanhecido,
do velho amor de ti.











Desligamento

Desligamento
Suzette Rizzo


Quem conhece quem?
Há nuvens encobrindo o ser.
Há por trás de cada um,
outro eu,
atingindo a quem quiser,
assistindo dos outros
o derramar do lacrimejo e rindo
da raiz a planta dos pés.
Consigo perceber!




Coisa forte a magoa que fica
e a tudo apaga
como um cérebro desconcertado.
Quanto a mim,
apesar de todo empenho contrário,
engulo a minha verdade
do laço desatado.
Mas quem conhece quem?




Persistência

Persistência
Suzette Rizzo

Conquistei meu espaço
e o abraço de quem eu quis.
Estive sentada longos meses
num banco de balcão de bar
e nada mais fiz senão observar
atitudes, fala, olhar.


Ninguém do meu rol de amigos
conseguiu a persistência que ousei...
Sair da zona de conforto para ser feliz.
E eu consegui!