11 de outubro de 2017

Lacunas e outras escassezes - Suzette Rizzo


São evidentes as atrações 
borbulhando interiores...
Eu já quis sonhos serenos,
entrelacei o oposto.
Ficam os beijos, cheiros
sabores das conquistas,  
e no tato, rostos macios ou não,
assim é para todos...
Mas aqui nesta essência
arraigaram-se somente 
umas poucas lembranças da meia primeira infância,
inda desapercebida da maledicência humana.
Bem, depois fui assim:
Olhar de águia, coruja atenta,
carência devido abandonos,
solidão de trono.
São evidentes faltas e solidões,
quando lembranças são mais que espremidas,
jamais se recolhem
e a sensibilidade aguça sem dó,
multiplicações.

Suzette Rizzo - October – 2016



O que vem pela frente eu sei - Suzette Rizzo


Foram-se as sensações,            
a facilidade da inspiração,
as emoções,
sonhos e desejos...
Foi-se o impulso, o pulso,
a margem e as forças,
o que era injusto e não enxerguei quão justo.

Foi-se a paz que eu não sentia
e contudo existia,
foram-se os sons, a companhia,
a leveza que pesava,
a lagrima nem tanto amarga,
foi-se o real da vida
num repente, fantasma!

Sumiu aquela estrada,
pequenos projetos,
o tempo certo...
Para sobrar solidão, medo,
a exaustão do corpo e da alma 
em meio ao total deserto.

Foi-se mais um tempo
neste lar
e carrego mais uma dor.
O que mais virá, eu sei;
mais dor, mais dor, mais...
Suzette Rizzo - December 13, 2010 




Pedacinhos de felicidade - Suzette Rizzo

Experimentava a disritmia,
apaixonada como nunca...
E platonicamente envolvida
ganhava,
o primeiro presente da vida.

Nem mais lembraria dos golpes
do destino,
da decadência repentina,
dos pesadelos vampirescos,
outros sonhos asfixiantes.

Agora, colorido e prazeroso
esquecer dias anulantes,
mesmo que  ilusão.
E o bom de tudo foi saborear 
o máximo do sentir;
Era ele a metade, não da maça,
mas do que faltava no coração.

Suzette Rizzo - April 04, 2010



Desinformação - Suzette Rizzo


Se as pessoas descreem 
na vida eterna,
por que então, reverenciam seus entes,
fazem missas anuais,
se os mortos, creem elas,
inexistem para sempre?
Porque então, se pede ajuda ao anjo da guarda
e acredita-se tenha ele asas
(como se anjo fosse mágica)
se nenhum ser é desigual
nem sofre transformação,
depois que a morte abocanha
a mente e o coração.
Quanta incoerência!
Quanta fixação!
Ninguém pensa não?
NÃO!
Nem no corpo que apodrece,
nem na alma que adoece
tamanha desatenção.







Sempre solidão - Suzette Rizzo


A solidão me conhece,
mas, eu nada sei de mim,
exceto que a alma
assim só,
rapidamente anoitece.
A cara da solidão é triste
como imagino sejam seus olhos,
o desenho da boca... 
Solidão resseca a pele
e o constante sal da lagrima
rapidamente envelhece.
A solidão é gêmea comigo,
gerada no mesmo ovo,
destino univitelino.
Seguimos juntas, eu e ela,
cada vez mais sós... 
E cada vez mais
o tempo aperta esse nó.
Suzette Rizzo