22 de março de 2014


Como elefante (2)
Suzette Rizzo


Não esqueço...
Sou como elefante.
Mentira dizer que esqueço coisas
tatuadas no âmago,
coisas que exigiram demasiada atenção,
coisas gravadas nos bits da memória.




Não esqueço quem me cortejou,
quem magoou profundo,
quem meus olhos observaram,
não esqueço quem faz parte
das páginas da minha história.
Não esqueço quem me consola,
quem sei que a boca nem diz
mas intimamente chora.
Não esqueço os degraus da vida,
nem a marcha fúnebre
que esta alma deplora.
Não esqueço os estilhaços
nem as suturas
da dor que perfura.
Sou como elefante, ando devagar,
em cada passo meia década
e um acumulo de dor,
a vazar pelo olhar.