12 de março de 2014


Pergaminho
Suzette Rizzo

Não sei quem deseja ser
quando corre ladeira abaixo
com saltos de Chaplin...
Se saci ou querubim.
Não sei quem,
quando tira a camiseta
exibindo a tatuagem
nada wave,
sacudindo os cachos
como um jovem delinqüente.
Não sei quem encarna
quando escreve ou lê poemas
como antigos eloqüentes.
Só sei o nome
desse peregrino
que desanda a minha vida
e tira-me dos trilhos.
Só sei que  me apaixono
por esses tolos
ou não personagens
que me abraçam com carinho.
Não sei, não sei se desejado
ou presente do acaso;
Esse homem enrolado,
indecifrável pergaminho.
Suzette Rizzo



Dica-consolo - Suzette Rizzo



Dica-consolo
Suzette Rizzo

Gostaria de afirmar
que não chorarei nenhuma lágrima...
 Nem a alma ouvirá meus
soluços
desta vez.

Gostaria de seguir convictamente
o conselho secreto
que ouvi na juventude,
da avozinha que consolava,
quando eu chorava por amor não correspondido:
"Minha neta, quem sabe amar, sabe
esquecer"

Mas, desprende de mim  o sal da
transpiração
junto ao mel da ilusão,
o que me faz hoje, ao
céu responder:
Vovó, amor não sei perder,
muito menos esquecer.

Suzette Rizzo



A REENCARNAÇÃO DO AMOR
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Suzette Rizzo
Parte inferior do formulário

Nascerás outra vez.
ganharás nova vestimenta
não tão atraente
e desta vez olhos negros
porque os teus olhos
de mata virgem
causou vertigens
e depois muita dor.

Terás outro signo,
não aquele que penetra
segredos da alma,
extrai necessidades...
nem os mesmos beijos
de chama ardente.

Na sub consciência
terás um breque
como alerta
que te fará fugir dos vícios
e sentiras dor
em algum lugar do corpo,
vestígios do teu suicídio.

Mas serás feliz
porque destes amor
aos necessitados
e calor aos solitários.
Como eu que renasci
das cinzas
por ti, meu amado.


Suzette Rizzo
Desabafo (II)
Suzette Rizzo

Sempre o sofrimento rondando a alma
chamuscada,
desde o começo da estrada.
Sempre ele retornando outros
semelhantes, infernais,
sempre a magoa me atirando
a frieza das calçadas invernais.
Canso-me de esgotar lágrimas,
sentir os olhos feridos
deixar-me sorver
por tal inundação de carências...
Já me rasguei tanto, aceitando
o que não devo aceitar.
E para que não me rasguem
mutilo a alma que aprisionada
não tem como não se entregar.
Resvalo-me em mais um ardil,
reabro a mesma cicatriz,
submergida  por este ciclone absurdo

até as profundezas do infinito funil.