C A I S
gabriel m. ribeiro
nunca percebi quando
estive aí,
se quando colidiram os
nossos olhares,
ou no dia em que
manipulamos nosso adeus.
nunca conclui que águas
foram estas,
se a de um mar se abrindo
profético a um amor,
ou uma tormenta inundando
o coração cigano.
nunca compreendi que cais foi este,
se o porto esperado de
muitas esperanças,
ou o terminal indesejado
de todos os
sonhos.
nunca entendi que
distância foi esta,
se o transcurso
necessário à felicidade,
ou o calvário nefasto das
saudades.
nunca percebi estas
estacas de madeira,
se prendiam almas no
fundo do lago
ou se procuravam evaporar
com as águas.
nunca concebi a vida
passadiça deste cais,
se foi a exata medida da
nossa chegada,
ou a métrica desesperada
da minha
partida.
gabriel m. ribeiro
- 12 / 08 / 04
**********************************************************************************************
C A I S
(SEDUÇÃO)
Suzette Rizzo
Não sei se o lago seduz
ou são teus
olhos azuis.
Não sei se
a vida é do cais,
ou se estas
horas são vitais.
Só sei da
alma das águas,
acalmando
esta festa alvoroço
no meu
pulsar.
Não sei se
o lago dopa-me
ou se tua
poesia hipnotiza.
Não sei
quanto tempo!
Mas
afundo-me nestes momentos,
revelando
cada um,
nos filmes
do pensamento.
E quando a
pressão das mãos aumenta,
e o corpo
amolece entorpecido
de tanto
sentimento,
o revolver
das límpidas águas
acompanha o
compasso da alma.
invadindo
de amor o cais...
E o
píer, fingindo inércia,
espreita os
casais.
Suzette Rizzo
10 08 2004