16 de abril de 2018

A vontade do escritor – Suzette Rizzo




Escrevo apenas.
Dei início a grande obra,
que terminarei talvez,
num próximo milênio.
Foi dado o primeiro passo
de um caminho extenso.

O que fascina é esse maquinismo
da mente,
comandando os dedos no teclado,
obedecendo a pensamentos...
O que fascina são as ideias,
que se desenrolam e perpetuam-se.
Sim, alguém, há de continuá-las.

Apenas, não desejo o pensamento
estéril...
Perfilem-se, um após outro
e, eu, escreva todos .
Sirvam eles aos meus intentos,
atendam sempre a minha vontade
de dizer algo, no mínimo nobre.

"Completarei minha obra,
quando a obra “completar-me”.
O que fascina é a estrada
e depois a agilidade,
e depois o conhecimento, a lógica
e, pouco a pouco a coerência,
sempre melhorada.

O que fascina é a sequência,
além dos dedos obedientes...
o encaixe das frases no tema,
a musicalidade entre as linhas,
o deslizar sem esquemas,
a inspiração fluindo e fluindo,
até o final do poema.

E mesmo que pouco em mim,
seja sábio
ou arrancado corretamente,
alguma coisa é sempre dita.
É isso que fica e felicita o autor.
É isso que importa:
O dom, o tom, a cor.

A perfeição virá gradativamente,
pois é par de todo escritor.
                                   Suzette Rizzo



Las Guerras Mienten - Eduardo Galeano:




En este mundo, los locos conducen a los ciegos.” decía William Shakespeare


Cartomante - Ivan Lins





Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos

Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida

Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço

Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada.

Ivan Lins