24 de abril de 2014



Vontades da quinta feira
Suzette Rizzo

Queria a mente limpa
e preguiça de pensar.
Meu passado atropelado,
amores desbarrancados,
as vidas passadas, todas no entulho,
aquele sono esbranquiçado
perdido no oásis,
num canto qualquer do mundo.
Queria amassar meus poemas,
recomeçar,
ter outro anjo que soprasse
e cuidasse
dos meus versos  pré natal.
Queria em mim um espírito mais ativo,
menos amante das coisas pueris,
enfim, mais egoísta,  mais vivo.
Queria a mente limpa
pelo menos uns tempos,
longe de mim e qualquer fermento.
Nem mesmo pensar nas raspas

deste destino purulento.

Alma cor de vinho
Suzette Rizzo

Minha alma anda rude,
os pensamentos violentos.
O que vem a minha boca
é o que sempre esteve guardado,
causando dores no peito.
Não sei o que tenho,
só sei que é raiva incomum
algo que me tira dos trilhos
e me divide pelo meio;
Metade o que sou agora, 
metade bloqueio.
A alma anda transpassada
pela dor que me causa este  mundo
e eu que não xingava xingo,
que a tudo deixava passar 
hoje me vingo.
Moro metade cá metade lá,
perdida nos dois caminhos.
Mas o que de fato não justifica
é estar como sempre odiei;
Alma cor de vinho.