30 de setembro de 2017

Espelhos - Suzette Rizzo


‘Exterminaria os espelhos
que insistem em refletir o que não somos’.
Riscaria esses inventores de banalidades,
essas mentes escrotas que enxergam sem ver,
o que vale de fato.

Expulsaria os fazedores de espelhos,
esses ilusionistas!

Melhor seria buscar um límpido rio
a mil oftalmologistas.
Melhor seria não ver o que a visão diz,
e sim ouvir o que a alma grita.
Suzette Rizzo









Revolta - Suzette Rizzo


Estágio penoso,                       
dilacerador de entranhas...
Maldito tempo que
me fez cobaia,
pra testar o meu limite,
fazer acertos,
rasgar meus nervos,
causar esta gastrite.

Estágio covardia
coisa mal digerida,
inconcebível...
E mesmo antes
dos machucados,
cobrou-me, Deus, a subida...
Antes mesmo de ser vida !

Cansei das águas estagnadas
em meus caminhos sedentos
de imenso oceano.
Cansei dos momentos de cio,
nunca mais ouvi Caetano.

Estágio aos pedaços
Aqui... Ali... A sombra do fracasso:
Acompanhante estúpido
colado aos meus passos!

Suzette Rizzo_ February 02, 2002


Enamorando - Suzette Rizzo


Nasci...                                   
Nesse namoro de palavras doces,
poesia pura com fortaleza de abraço.
Namorava enfim,
retendo olhares que só eu vi,
ouvindo a reprise das frases lindas,
sentindo os gestos, o laço
e a sutileza de um lago perto de mim,
como se eu fosse uma orquídea
brotando para a vida,
ajudada por um querubim.
Nasci em todos os sentidos...
Sob o calor do sol,
energizando a alma mal alimentada
do vital,
reencarnada e desatada do mal.
Nasci, nesse namoro desejado
nos tantos dias enamorados
aguardando a soltura da minha vez.
Não sei de fato o que houve...
Morreu?
Talvez!

Suzette Rizzo




Escuros meus - Suzette Rizzo


Não insisto nem persisto,
ou quero esperanças vãs...
Observo a pele, as unhas curtas,
a falta de tudo por dentro,
o amargo sem mel,
o céu sem manhãs.
Não te escuto,
não mais te sugo como um vampiro
planando legiões sombrias...
Te penso vivo, alma livre,
de anjo socorrista,
as mãos segurando as minhas.

Suzette Rizzo - 04 2016





Expiação - Suzette Rizzo


Morrem palavras e versos da minha poesia 
e consequentemente sucumbe comigo,
a vontade de externar o imo.
Ingiro veneno
e o vento não refresca o ardor
nem a agua alivia a queimação.
Enxergo-me dentro de uma poesia
dolorosamente suplicando justificativas 
à esta sobra.
Enquanto estrelas procriam luzes
meus sonhos agonizam,
sem que eu possa desopilar de mim
o que o mundo me causa

Suzette Rizzo - April 23, 2017

















Isolamento - Suzette Rizzo


Ninguém lá fora,
nem chuva, nem lua,
latidos, miados,
ruflar de asas...
Ninguém aqui andando pela casa,
falando ao telefone,
ouvindo um som do Tim Maia...
Ninguém, nem meus fantasmas!
Ninguém pra esperar na madrugada,
nem amanhã, nem depois,
como foi um dia.
Nenhuma companhia, triste ou divertida.
E nem ao menos, dá pra trocar a marcha,
mudar de vagão, pular este trilho,
chegar noutra vida!

 Suzette Rizzo - September 28, 2017

Minha obra - Bárbara Paz


Pinceladas de barro cor da pele cobrem minhas cicatrizes como um carinho
Todas as manhãs antes de me iludir com a vida,
Lavo no escuro adocicado minhas pequenas pupilas
e escorrego o sabão nos cílios da pequena boneca
Cubro a alma com uma pitada de lápis nas sobrancelhas finas,
faço as ficarem bem grossas com o perfil de misteriosa...
Minhas mãos já sabem de cor a forma de cada olheira...
Profundas de tanta chuva que tomou
É como se cobrisse minha alma todas as manhãs,
É como se a mim /só eu conhecesse...
Quando estou definitivamente uma pintura de Basquiat
Olho-me no espelho e o que vejo?
Um touro, uma donzela, um inseto, uma traça, um sonho!
Não sei bem se vejo ou deliro, mas crio coragem e abro a porta.
Quase sempre venta e lacrimeja
Coloco a bagagem nas costas
E de costas me olho mais uma vez no espelho
Sim, agora estou pronta!
Mensageiros do destino me perdoem,
tenho pressa, saiam da frente!
Que meu cansaço derrete meu barro e a escultura cai
Tenho pressa...
minha vida é passageira e meu escudo de pele ???, Moldado por cicatrizes

Quando chego em casa,
sento, tiro os sapatos, calço minha essência e choro.
Quando a obra facial se desfaz,
Coloco as mãos sobre o rosto e sorrio,
Acendo uma vela, abro a torneira
E lavo minha alma,
Agora nua. 
(Autora - Bárbara Paz)
Imagem - Basquiat







Estupidez!!! - Suzette Rizzo


Pura estupidez!
Sonhar azul entre cores campestres,
sentindo a suavidade melódica da alma,
entre beijos com gosto de camomila....
Quanta idiotice,
sonhar inspiração crescente,
eu, mais que nunca poeta,
tu, a minha poesia.
Pura estupidez!
Nesta altura da vida,
depois de tantos reveses
e tanta injustiça,
sonhar calores, sol de verão,
beijos na rede,  mãos dadas,
corações iguais no batuque,
via limpa, sem contra mão!
Que estupidez!
Ter na lembrança um verso incompleto
e mais uma traição!



Suzette Rizzo - September 29, 2017