19 de janeiro de 2014

...meias palavras
Suzette Rizzo


Chega dessa conservação!
Saiba que um pássaro sempre voa
se prendes dois em tuas mãos.
Tenho sexto sentido,
conheço bem tal infração.
Cansei de querer me cegar
cansei da tua desconversa
dos mantras e versos baratos,
cansei da frouxa sedução...
Tu não te cansas, não?
Tudo isso me enoja, 
portanto escolha,
entre o que sou e os versos do chão.


Monday, January 20, 2014



Meu poeta coração de mel
Suzette Rizzo


O meu poeta possui a essência
machucada,
 sensibilidade à flor da pele...
carrega no peito parece
uma dor de pedradas
e um coração as vezes adulto,
outras vezes moleque. 


O meu poeta é arco-íris... estrela, luar,
possui a graça de cantar nos versos,
penetrar o profundo da alma
e soltá-la
 livremente no papel.
O meu poeta é céu, é dor,
coração puro-mel ! 


O meu poeta é vibração, intuição,
maciez...
consegue enxergar  muito além
 e dizer o que tantos
não podem compreender...
O meu poeta é afinidade, afinação,
minha maior satisfação;
Orgulha-se do seu poema 
quando o entrega em minhas mãos.  


O meu poeta encarna deuses
e elfos dentro de si,
faísca como sol em seu ardor,
muitas vezes refreando
o mel demasiado;
Quando seduz esta vítima apaixonada 
melando-me de amor!

Suzette Rizzo



Sola da Vida
        Suzette Rizzo 
 
Vida larga
estrada inteira!
Lado a lado comigo,
sonho e real
permitindo os contras do pensar,
emoções amarrotadas
e a corrida cansativa
ao mel da vida.
 



Estéril!
De mim não nascem flores,
esperanças verdejantes,
mas rondam aves carniceiras.
De mim não exala vibração
e fechado está o jardim das roseiras...
Mas rondam,
malefícios de primeira.
 
Nem o solitário coração
encontra uma réstia de luz
e meus olhos se enterram qual avestruz
dentro da terra que ingere meus passos.
Meus olhos buscam tons azuis,
mas o céu acinzenta-se
num pestanejar de mago.
 
Vejo-me em sonhos e nem acredito.
Serei aquilo?
Aquela, na estrada larga,
minúscula qual formiga?
Nem adiantaria pedir socorro...
Um pé sempre atropela
e o outro assassina.
 
Depois, vem um anjo
e leva a alma espremida
na sola da vida.
 
BATEU CANSAÇO
DA VIDA
                  Suzette Rizzo 


Bateu cansaço da vida,
desilusão total...
E meu poema bateu asas
foi morar noutra galáxia
não voltou a esta alma.  

Já fiz poesia à natureza,
já falei tanto de estrelas,
da lua e do luar,
da maresia e do mar
agitado e sombrio
azulado e tranqüilo.  

Já falei das rochas, montanhas,
vulcões e crateras do coração...
Já falei de sentimentos,
amores tardios, consumidos,
saudosos, entristecidos
levados pelos ventos  

Cansei da estupidez de perfilar
versos enlouquecidos
e despejar  maus momentos
nas noites de luar. 

Agora queria caminhar
pelas areias da praia preferida,
encontrar teus olhos meigos
que já namoraram os meus.  

Queria poder sobrevoar
sobre aquele tempo vital
sem sofrer,
mas estou tão cansada de sonhar,
abrir as asas machucadas, 
pra te receber
                                      Suzette Rizzo


Caráter
Suzette Rizzo



Ilesa!  Não sei como!
Se fui arrastada por caminhos pedregosos,
cercada de gente canalha,
do mundo refugiada.
Nenhuma cicatriz exterior,
embora tenha a alma
marcada pela dor.
E dói avistar no fundo da noite,
na tela mental do pensar,
cada bote, toda queda
sentindo a ferida coberta de sal.




Ilesa!  Nem acredito!
Parida como fosse lixo
e par do bem e da moral.


15 de outubro de 2012