16 de novembro de 2014

Loucos


Loucos
Suzette Rizzo

Impacto violento
dos tempos, 
arrastando o mundo
às moradas de Tongo.
Ouçam a troca de tiros
ecoando nas cidades,
gritos de quem morre
na violência nas ruas... 
Reparem nos suores
de quem se droga
entre palavrórios entorpecidos,
nos esconderijos da noite astuta.
Estão loucos os bêbados,
os jovens, o mundo
e esses destinos todos,
correndo pela espiral
da parafernália,
desta terra clonada 
par do umbral.


November 25, 2007

Dissimulação


Dissimulação

Suzette Rizzo


Transparência é meu lema,

disseram.

Franqueza é certamente

o melhor de mim.

acrescentaram.

Pura poetagem!

... moeram minha alma

tamanha fraude!




Relutância


Relutância
Suzette Rizzo

Reluto.
Não quero sonhar!
Apenas, dissipar a imagem
que desnorteia
e me leva a ter alucinações.

A luz acesa traz o delírio
e estrelas disformes
vão surgindo pelas frestas,
buraco da fechadura,
por baixo e por cima,
dos vãos da porta,
laterais das persianas da janela,
anunciando a chegada sem hora. 

Apago a luz
para que cesse esse anunciar
perturbador,
trazendo dobrada a saudade
e, a alma inundada em rancor.
Não posso dormir! 
Moras por traz destas pálpebras,
dentro da essência agitada,
em cada madrugada.

Reluto.
Entre viver outra noite assim,
ajeitar-me em teu corpo
ou expulsar-te da minha cama...
E durmo entorpecida,
deixando-me entregue ao sonho
que enlaça.

Renuncio sim
este sentir que me agarra!
E nada, nada que eu faça
jamais te levará do meu quarto,
desta casa,
do meu sonho, nem de mim.


Suzette Rizzo

Ei! Presta atenção


Ei! Presta atenção
Suzette Rizzo



Não moldaria meu jeito,
para ser a mulher que te agrada.
Isso nunca!
Sou o que sou,
amante dos meus bichos,
mulher solitária,
dona de mim, meus atos,
meus ciscos...



O mundo me sufoca
pelo otimismo de quase todos,
na verdade um otimismo inconsciente
fingido, teórico,
de quem sofre pouco.
Não moldaria meu jeito de ser
pra quê?
Para servir ao teu corpo?
Carrego pedras na alma
e por isso te acho tolo

tolo demais seu moço!

Vontades reprimidas

                                
Vontades reprimidas
Suzette Rizzo

Desvio o assunto,
chega de balidos...
Só não posso ser serpente
pois é contra 
meus princípios.
Mas que dá vontade, isso dá,
coça como urticária
este desejo de  agir tal e qual,
finalmente revidar:
Dente por dente,
veneno na mesma taça.


Otto


Dificilmente se arranca lembrança, 

lembrança, 

lembrança, 

lembrança...

Por isso da primeira vez dói, 

por isso não se esqueça: dói.

Otto