Meu café da manhã
não é apenas um café.
Uma porta se abre e
por ela entra
um desfile de
recordações.
Meu café da manhã
tem cheiro de infância,
casa dos avós,
adolescência,
meu pai de pijama na
cozinha bem cedinho,
outras épocas com
sabor de café mineiro,
goiano, café
completo
e do malfadado tempo
que nem dinheiro eu
tinha
para um simples
cafezinho.
Lembro do café na
cama, com leite,
quentinho
do café bem
acompanhado,
daqueles duplamente
adoçados;
boca e olhos, alma e
coração.
Lembro de tudo,
todas as fases da
vida
que talvez tenham
sido
boa vida, antes.
E o café continua
abrindo portas,
emoldurando amor e
dor,
mudando de sabor...
a começar pelo
adoçante