24 de agosto de 2015

Nada foi possível



Nada foi possível 
Suzette Rizzo


Bem cedo mergulhei
num oceano de ilusões...
visualizando um príncipe loiro,
filhos
e um destino purpurina
contornando sonhos lindos !

Vi tanto céu
carregado de estrelas quentes



em tantas noites vazias
de concretizações...


E esperei, muito esperei
por certa companhia
e todas aquelas realizações

Mas, se há destino é inimigo...
E se há realização por otimismo,
a força do quadro mental
não se materializa,
talvez aconteça...
não comigo !

E se a prece sobe as alturas
Deus é surdo as minhas súplicas...
Encontrei o tesouro da fé ,
acreditei no invisível...
Mas, nada, nada que eu quis
foi possível !

Suzette Rizzo 

12/12/01 




Afins e Vôo solo


AFINS
Suzette Rizzo

Almas afins,
pensamentos afins,
sonhos afins
e éramos opostos.
No comportamento,
no estado de espírito,
seres enfim contrários
e de total afinidade.

Porque calávamos para ouvir,
pensávamos para responder
e um acatava o outro;
quem tinha razão tinha.
Sempre cordatos, sensatos
companheiros,
sobretudo verdadeiros.



Fomos nossos troféus
bem merecidos   
Precisei de ombro,
precisou de colo
e dois precisados unidos,
só pode mesmo ter sido,
coisa guiada pelos céus.

Porém, de tão afins que éramos,
assim, sem desavenças, pieguices,
ofensas, segredos,
aquele enredo perdeu a graça.

E quando optamos pelo fim,
entendemos
sem qualquer discussão,
apelos, gritos.

Só então, houve um desacordo
que os olhos revelaram:
Choramos escondidos...
um do outro!
Suzette Rizzo


VÔO SOLO

Luiz Poeta ( SBACEM-RJ ) Luiz Gilberto de Barros
Às  12h e 10 min do  dia 20 de julho de 2005,
especialmente para minha irmã de lirismo e sentimentos Suzette Rizzo



 Um dia, quando os pássaros percebem
Que o ninho já não serve para dois,
O vôo é iminente, e eles seguem
Sozinhos - cada qual - rumo ao depois.

E experimentam novas sensações,
Prazeres disponíveis, fantasias;
Mas quando findam tantas emoções,
Descobrem faltar algo... a alma é vazia

Então, uma saudade previsível
Os joga em abismos solitários
Mostrando uma lembrança  tão visível,
Na solidão dos seus itinerários...

Seus vôos sutis de pássaros carentes
De amor, de compreensão, de companhia
Os faz sobrevoar um tempo ausente
Repleto de instantes de alegria...

E esse sonho doce, repentino
Remete-os ao vôo compartilhado
Que fez da trajetória do destino,
Um rastro solitário... no passado.