17 de março de 2014

Compaixão
Suzette Rizzo

Dói feito picada de abelha,
dói mas passa
como furo na orelha.
Enganação dói,
também passa
se a gente não olhar mais
nem de esguelha.
Tudo passa, qualquer dor de amor,
dor da partida, dor da existência,
dor grande e dor pequena.




Ultimamente ando apática,
com raiva, com dó de mim,
do tema, do teu dilema.

Ando com pena! Só com pena!
Oscilação
Suzette Rizzo

Não sei se quero voltar
ao meu total silencio,
aquele que não me obrigava falar,
pensar, responder...
Não sei se quero de volta a solidão
que tão mal me fez.
Minha alma está com a minha cara,
tristonha, cabisbaixa
e de tão incompreendida,
estou  meio que destroçada,
fazendo café mais forte
e dormindo nada.
Tenho corpo e espírito despencados,
caindo pra fora dos meus pecados
que ainda bem são leves...
Apenas depressivos,
um tanto amuados.



.
Falta de ar
Suzette Rizzo
 
Enroscada
nesta emboscada.

Nessa hora queria asas,
quatros patas,
ser rio de corredeira,
nuvem apressada.



E nem a chuva lava,
nem a vida passa
ou essa coisa desmaia.

Estou enredada
feito um peixe semimorto 
de boca aberta,
pedindo socorro entre soluços
espetada em quatro arestas

não morro...
mas desespero-me quando a boca fecha.

Esse mundo é um soco no meu nariz,
cúpula fechada, refluxo de ar,
e ele, somente aprendiz,
aprisionando sem motivo
quem  não amou ou deixou de amar.




Uma resposta
Suzette Rizzo

Leis foram feitas por deuses e homens.
Discordo de muitas, aceito algumas.
No entanto, uma coisa é fato.
Se  fez algo ruim, arque com as conseqüências,
ninguém sofrerá em seu lugar
e nada limpará sua alma 
exceto o seu retornar.
Leis foram feitas,
cada um crê no escolhido Avatar.
O certo para mim é a Divina Justiça,
seja qual for o pecar.
Vergonha de mim
Suzette Rizzo

Perco os olhos no estampado do lençol,
revendo cenas aflitivas ...
A boca já não fala comigo,
o espelho não me aceita como sempre
e eu apenas respiro.
Se ficar quieta não sinto o corpo
e amortecida não existo,
exceto pelo desenrolar pensares...
mas só eu sei a altura do grito.


Enrolo-me no lençol cerrando os olhos,
apertando-os o máximo que posso,
para esconder a vergonha que sinto
de ainda precisar-te
nos meus sonhos indistintos.