3 de dezembro de 2014

Noite louca


Noite louca
Suzette Rizzo

Tatuado, bonito,
inconcebível,
dançando no meio da pista,
sozinho.
A roupa amarrotada,
cachos desarrumados
e no rosto, 
uma marca de batom
avermelhado.

Copo na mão,
nem cerveja nem cachaça,
ele mesmo não sabia
o que tomava.


E veio a menina...
Linda!
Avançou naquele pescoço,
beijou o cara na boca,
agarrou a ilusão...
na pista. 

Noite louca!
Vim com ele pra casa,
poetando pelo caminho...
Eu e o menino!
Suzette Rizzo


Conduzida


Conduzida
Suzette Rizzo

Testam-me,
não sei quem, de onde vem,
qual lugar reside quem me testa.
Sinto-me espreitada,
dominada, contaminada


regulada por algo
que me apara arestas.
Desconheço a minha real identidade
e exceto saber-me poeta de alma
quem me testa devora-me o sono,
a vida, a calma.
Não sei em qual esquadra vim
ou em que mundo estou...
Se é ele simulado, paralelo,
fabricado...
ou mesmo algo computado...
Na verdade, um molde infeliz,
avaliado de tempos em tempos,
quem sabe uma amostra a mais
tipo robô da Matrix...
cujo comando sem dúvida negro
como falta total de luz.
Posso pensar mais o quê,
se nunca estive liberada
e não consigo ser feliz ?

Repulsa




Repulsa
Suzette Rizzo

Estilhacei poemas falidos,
carcomidos pelo tempo,
joguei no lixo velhos escritos
e amores em detrimento.

Invalidei tudo o que foi dito,
queimei a papelada,
limpei arquivos
e nesse amontoado de resquícios
esfarelei a rosa...

Com ela eliminei o embuste,
expurguei o abraço
e de vez te excluí, maldito!