11 de maio de 2014

Pedradas
Suzette Rizzo

Algumas poucas boas lembranças
encobertas pelo nevoeiro,
ocupam a mente agora pasma...
Pareço uma alma paralisada
como nuvem mantendo as chuvas 
bem guardadas.  
Hoje, meu único objetivo,
é ser alcançada por figuras
menos tempestivas... mais civilizadas.

E o tempo, esse inimigo
aliciador da memória e fatos semi-vivos,
agarra sentimentos
com unhas de águia,
trazendo dos confins
momentos explosivos,
pedradas.

Nada substituindo minutos ingratos,
por outros velozes, sensatos...
Continuo por entre paisagens
cada vez mais mortas,
como um espelho que reflete
a triste mutação das formas.

Bom seria amar lembranças!
Tê-las ao alcance,
sem qualquer desnível,
isentas de qualquer sombra que ofuscasse
fases vencidas,
as engolidas e soltas no vai e vem
por ondas revoltas do mar da vida.

Desejo às vezes tudo, menos o vazio!  
Viesse à lembrança o inicio dos tombos,
das dores açucaradas,
das doses menos amargas,
outras com gosto de coisa bronca,
qualquer escapismo...
Fatos da mesma alma imobilizada,
ferida a pedradas,
de quem quer sonhar e não sonha.

Suzette Rizzo