18 de agosto de 2015

Nunca mais amei pessoas






Nunca mais amei pessoas
Suzette Rizzo

Vi o esboço de um sorriso
na hora da minha desgraça
e, entre outras coisas,
chorei portas fechadas
na minha cara...

Sofri tal e qual os mendigos
confundidos com marginais, 
cuja classe abastada 
ergue os vidros dos carros
nos sinais,
exibindo olhos de asco,
aos pobres mortais !

Vi um pacote de macarrão voar
se espatifando na mesa,
quando tive fome e pedi...
E vi mãos que se encolheram,
ouvidos que se fecharam,
quando mais sofri !

E no meu aposento escuro,
deitei-me no velho colchão
e deixei vazassem dos olhos
a tamanha desilusão,
remoendo a humilhação...
chorando até pelos poros,
com janelas fechadas à vida
em pleno dia de sol...

E não apago de mim
a total decepção !
Nunca mais amei meus iguais
como amo os animais...

Suzette Rizzo
07/01/00




Lindo card


O presente da lua





O presente da lua
Suzette Rizzo 

A lua magicamente azul,
soltou um melancólico blues,
atravessando muros e portas. 

Fez uma apologia ao amor
e todos os deuses cantaram
incentivando a terra morta. 



Laura, a mulher misteriosa,
ergueu seus olhos aos céus
sorrindo a compreensão da lua. 

Molhou-se na fonte
de um país cristão,
abriu seus braços de anjo,
suspirou toda a emoção ! 

E incrivelmente agradecida e clara,
a lua moveu-se
como em tempo algum,
unindo estrelas esparsas ! 

E o céu salpicado
fechou passagens,
para que Deus não inalasse
nenhuma atrocidade!

Suzette Rizzo


Dois

Dois
Suzette Rizzo




Um lobo uiva em meu sonho,
ou será no teto da casa,
talvez debaixo da minha cama!
Outro lobo uiva,
provocando dor na lágrima
que espalhava solidão.
Estamos juntos agora,
não sei depois da adesão.


Tuesday, August 18, 2015


Meu poeta morto


Meu poeta morto
Suzette Rizzo

Os cachos em
desalinho
escorriam pela testa,
contrastando o verde em festa
do olhar cobiçador

Poeta boêmio
a cantar pelos bares
das noites paulistanas...
inundando-as de calor !

E foi conquistando as moças,
gays, travestis e crianças...
Que admiravam seu jeito
moleque,
de visíveis esperanças!

Porem... não envelheceu
naquela  rotina,
nem permanece neste planeta.

Canta nas estrelas...
Entre os anjos de um doce-lar...
Meio lá, meio cá !

Suzette Rizzo