29 de agosto de 2017

Deus proteja-me do amor - Suzette Rizzo


Sonhei tanto correr por entre
aqueles pinheiros,
passar de novo por aquela estrada,
refazer  o velho romance,
exterminar mal entendidos...  
acertar os ponteiros de tudo,
concluir o poema inacabado... 
que de tudo enjoei e a tudo excluí,
de vez e de fato.

Sonhei muito!
Era tudo que eu poderia,
tudo que eu teria de meu,
apenas sonhos...
E as lembranças que eram tuas,
pensei: Irão me refazer. 
Que nada! Tudo termina!
o dia, a madrugada,
as fases todas da vida.
Meu romance?
Certamente terminaria!

O que restou, me afogou
em desesperanças,
na certeza salgada do descaminho
e na dor da alma por um tempo aflita.
Foi assim que terminou, 
tênue linha partida ao meio
e as migalhas, 
farelo miudíssimo das lembranças 
de um outro tempo.

Os pinheiros  estão lá,
sei que estão...
mas perdi, definitivamente,
a vontade de sentir  aquele aroma 
ou de abraçar pinheirais. 
Quanto aos mal entendidos,
estão vencidos...
O rótulo daquele amor,
e o conteúdo,
está fora de mercado.
Chorei tanto o dilaceramento,
o sonho congelado...
Rasguei fotos, momentos,
petrifiquei meu passado.

E se ele, um dia, lembrar de mim,
agora que estaquei sangue
com pus
e curei feridas enormes,
fugirei, com certeza...
mais que o diabo da cruz.
Suzette Rizzo - 99



Duas poesias - Gaston Bachelard



Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios.

 Duas poesias
Gaston Bachelard