22 de fevereiro de 2015

Resta...


Resta...
Suzette Rizzo


Só resta sofrer mais um pouco...
porque as decepções mataram
todos os sonhos
que afinal eram aglomerados
de idealismos tolos
Resta embarcar para o astral
das belezas invisíveis
e relaxar destas dores


(se houver mérito
para enxergar novas cores).
Aqui, resta sofrer e resistir
até o fim,
com a mesma dignidade,
mantendo o caráter
e a simplicidade da criatura
que se reconhece teste
de outras criaturas,
criada para avançar um por um
os degraus desta escalada.
Lá, restará sofrer o sofrimento
de ter buscado o sofrido
e a incapacidade de não ter expulsado
com desempenho;
o azedo, o negrume , o mofado.

Sério brincar


Sério brincar
Suzette Rizzo



Brinco de escrever,
colorir meus demônios
discorrer  fracassos,
cair em seus braços
e ficar!
Brinco de poetar visões daninhas
ou celestes,
pensamentos que me levam
a pântanos agrestes.




Brinco de chorar nuances
de sentimentos,
sofrer por ralos ferimentos,
de salvar a alma dos fuzilamentos.
Brincando, prossigo
a seriedade dos meus tormentos
e estes versos chicoteiam um a um,
meus castigos e lamentos.

Vis

Vis!
Suzette Rizzo


Pergunto–me
de onde vieram esses deuses
tão cruéis,
porque tão opostos, desenhados como fossem
tão humanos como nós,
venerados como fossem bons!

.
Será o planeta recente, 
ou
esses malditos encarnados 
vieram todos de vez
e são eles recém-chegados 
do mais sórdido porão umbralino!
Certamente expulsos do negro limbo 
e atados por um só nó da estupidez!
Pergunto se mereceram
(mereceram?) a oportunidade
de exterminarem  seus semelhantes,
por crerem no Puro e no Bom!
Insuportável essa quantidade
de idólatras e selvagens e ídolos ridículos,
entranhados nos cantos do mundo,
debaixo do mesmo céu,
filhos de um só Autor!
Pergunto-me onde se esconde
o ensinado amor...
Despencou-se, será, pelas bordas da terra,
sofreu amnésia, quebrou as pernas,
não mais ressuscitou?

Sunday, February 22, 2015