11 de outubro de 2017

O que vem pela frente eu sei - Suzette Rizzo


Foram-se as sensações,            
a facilidade da inspiração,
as emoções,
sonhos e desejos...
Foi-se o impulso, o pulso,
a margem e as forças,
o que era injusto e não enxerguei quão justo.

Foi-se a paz que eu não sentia
e contudo existia,
foram-se os sons, a companhia,
a leveza que pesava,
a lagrima nem tanto amarga,
foi-se o real da vida
num repente, fantasma!

Sumiu aquela estrada,
pequenos projetos,
o tempo certo...
Para sobrar solidão, medo,
a exaustão do corpo e da alma 
em meio ao total deserto.

Foi-se mais um tempo
neste lar
e carrego mais uma dor.
O que mais virá, eu sei;
mais dor, mais dor, mais...
Suzette Rizzo - December 13, 2010 




Pedacinhos de felicidade - Suzette Rizzo

Experimentava a disritmia,
apaixonada como nunca...
E platonicamente envolvida
ganhava,
o primeiro presente da vida.

Nem mais lembraria dos golpes
do destino,
da decadência repentina,
dos pesadelos vampirescos,
outros sonhos asfixiantes.

Agora, colorido e prazeroso
esquecer dias anulantes,
mesmo que  ilusão.
E o bom de tudo foi saborear 
o máximo do sentir;
Era ele a metade, não da maça,
mas do que faltava no coração.

Suzette Rizzo - April 04, 2010



Desinformação - Suzette Rizzo


Se as pessoas descreem 
na vida eterna,
por que então, reverenciam seus entes,
fazem missas anuais,
se os mortos, creem elas,
inexistem para sempre?
Porque então, se pede ajuda ao anjo da guarda
e acredita-se tenha ele asas
(como se anjo fosse mágica)
se nenhum ser é desigual
nem sofre transformação,
depois que a morte abocanha
a mente e o coração.
Quanta incoerência!
Quanta fixação!
Ninguém pensa não?
NÃO!
Nem no corpo que apodrece,
nem na alma que adoece
tamanha desatenção.







Sempre solidão - Suzette Rizzo


A solidão me conhece,
mas, eu nada sei de mim,
exceto que a alma
assim só,
rapidamente anoitece.
A cara da solidão é triste
como imagino sejam seus olhos,
o desenho da boca... 
Solidão resseca a pele
e o constante sal da lagrima
rapidamente envelhece.
A solidão é gêmea comigo,
gerada no mesmo ovo,
destino univitelino.
Seguimos juntas, eu e ela,
cada vez mais sós... 
E cada vez mais
o tempo aperta esse nó.
Suzette Rizzo






3 de outubro de 2017

Nictofobia - Suzette Rizzo


Já toquei a escuridão   
sentindo o pavor
de encontrar fantasmas,
era criança quando isso se dava,
quando esqueciam meus medos
e as luzes apagavam.
Hoje busco contornos,
traços, antigos laços
e nada sinto neste espaço
físico ou abstrato.
Na escuridão da madrugada,
parecemos ambas desencarnadas,
no entanto,
sem mais aguçados sentidos,
muito menos tato.
Suzette Rizzo





1 de outubro de 2017

Águas passadas - Suzette Rizzo


Roubei teus encantos para o meu poema
e deixei que os meus olhos vissem
o que viam os teus.
Confuso depois, porém, antes,
houve magia entre nós dois.
Deslizei pensamentos
nos verdes campos da tua cidade,
plantei florinhas para perfumar
nosso pequeno espaço.

Deixei sempre a sala arrumada,
canções da preferencia,
abertos os meus braços.
Eram sonhos cristalinos
por trás dos preparos,
mas quanto aos pensamentos,
escondidos
como fossem criminosos,
vinha o receio dos teus ares
ante a minha prepotência.
Isso, fui sim, prepotente!
Afinal, eras o príncipe do momento,
e eu, apenas tua amiga confidente.
Suzette Rizzo







Dedos... erros... nãos -Suzette Rizzo


Um emaranhado de pensamentos,   
apontam seus dedos para mim.
Sim, possuem dedos as acusações,
possuem dedos os erros e os nãos.
Alguns olhos se arregalam,
visivelmente desenham interrogações.
Se ao invés de escrever a minha filosofia
eu fosse crente
ou dançasse tango,
talvez a dança do ventre
um fank... 
teriam em mim olhos contentes?
Também não!
Suzette Rizzo
Pintura : Kos Palma






30 de setembro de 2017

Espelhos - Suzette Rizzo


‘Exterminaria os espelhos
que insistem em refletir o que não somos’.
Riscaria esses inventores de banalidades,
essas mentes escrotas que enxergam sem ver,
o que vale de fato.

Expulsaria os fazedores de espelhos,
esses ilusionistas!

Melhor seria buscar um límpido rio
a mil oftalmologistas.
Melhor seria não ver o que a visão diz,
e sim ouvir o que a alma grita.
Suzette Rizzo









Revolta - Suzette Rizzo


Estágio penoso,                       
dilacerador de entranhas...
Maldito tempo que
me fez cobaia,
pra testar o meu limite,
fazer acertos,
rasgar meus nervos,
causar esta gastrite.

Estágio covardia
coisa mal digerida,
inconcebível...
E mesmo antes
dos machucados,
cobrou-me, Deus, a subida...
Antes mesmo de ser vida !

Cansei das águas estagnadas
em meus caminhos sedentos
de imenso oceano.
Cansei dos momentos de cio,
nunca mais ouvi Caetano.

Estágio aos pedaços
Aqui... Ali... A sombra do fracasso:
Acompanhante estúpido
colado aos meus passos!

Suzette Rizzo_ February 02, 2002


Enamorando - Suzette Rizzo


Nasci...                                   
Nesse namoro de palavras doces,
poesia pura com fortaleza de abraço.
Namorava enfim,
retendo olhares que só eu vi,
ouvindo a reprise das frases lindas,
sentindo os gestos, o laço
e a sutileza de um lago perto de mim,
como se eu fosse uma orquídea
brotando para a vida,
ajudada por um querubim.
Nasci em todos os sentidos...
Sob o calor do sol,
energizando a alma mal alimentada
do vital,
reencarnada e desatada do mal.
Nasci, nesse namoro desejado
nos tantos dias enamorados
aguardando a soltura da minha vez.
Não sei de fato o que houve...
Morreu?
Talvez!

Suzette Rizzo




Escuros meus - Suzette Rizzo


Não insisto nem persisto,
ou quero esperanças vãs...
Observo a pele, as unhas curtas,
a falta de tudo por dentro,
o amargo sem mel,
o céu sem manhãs.
Não te escuto,
não mais te sugo como um vampiro
planando legiões sombrias...
Te penso vivo, alma livre,
de anjo socorrista,
as mãos segurando as minhas.

Suzette Rizzo - 04 2016





Expiação - Suzette Rizzo


Morrem palavras e versos da minha poesia 
e consequentemente sucumbe comigo,
a vontade de externar o imo.
Ingiro veneno
e o vento não refresca o ardor
nem a agua alivia a queimação.
Enxergo-me dentro de uma poesia
dolorosamente suplicando justificativas 
à esta sobra.
Enquanto estrelas procriam luzes
meus sonhos agonizam,
sem que eu possa desopilar de mim
o que o mundo me causa

Suzette Rizzo - April 23, 2017

















Isolamento - Suzette Rizzo


Ninguém lá fora,
nem chuva, nem lua,
latidos, miados,
ruflar de asas...
Ninguém aqui andando pela casa,
falando ao telefone,
ouvindo um som do Tim Maia...
Ninguém, nem meus fantasmas!
Ninguém pra esperar na madrugada,
nem amanhã, nem depois,
como foi um dia.
Nenhuma companhia, triste ou divertida.
E nem ao menos, dá pra trocar a marcha,
mudar de vagão, pular este trilho,
chegar noutra vida!

 Suzette Rizzo - September 28, 2017

Minha obra - Bárbara Paz


Pinceladas de barro cor da pele cobrem minhas cicatrizes como um carinho
Todas as manhãs antes de me iludir com a vida,
Lavo no escuro adocicado minhas pequenas pupilas
e escorrego o sabão nos cílios da pequena boneca
Cubro a alma com uma pitada de lápis nas sobrancelhas finas,
faço as ficarem bem grossas com o perfil de misteriosa...
Minhas mãos já sabem de cor a forma de cada olheira...
Profundas de tanta chuva que tomou
É como se cobrisse minha alma todas as manhãs,
É como se a mim /só eu conhecesse...
Quando estou definitivamente uma pintura de Basquiat
Olho-me no espelho e o que vejo?
Um touro, uma donzela, um inseto, uma traça, um sonho!
Não sei bem se vejo ou deliro, mas crio coragem e abro a porta.
Quase sempre venta e lacrimeja
Coloco a bagagem nas costas
E de costas me olho mais uma vez no espelho
Sim, agora estou pronta!
Mensageiros do destino me perdoem,
tenho pressa, saiam da frente!
Que meu cansaço derrete meu barro e a escultura cai
Tenho pressa...
minha vida é passageira e meu escudo de pele ???, Moldado por cicatrizes

Quando chego em casa,
sento, tiro os sapatos, calço minha essência e choro.
Quando a obra facial se desfaz,
Coloco as mãos sobre o rosto e sorrio,
Acendo uma vela, abro a torneira
E lavo minha alma,
Agora nua. 
(Autora - Bárbara Paz)
Imagem - Basquiat







Estupidez!!! - Suzette Rizzo


Pura estupidez!
Sonhar azul entre cores campestres,
sentindo a suavidade melódica da alma,
entre beijos com gosto de camomila....
Quanta idiotice,
sonhar inspiração crescente,
eu, mais que nunca poeta,
tu, a minha poesia.
Pura estupidez!
Nesta altura da vida,
depois de tantos reveses
e tanta injustiça,
sonhar calores, sol de verão,
beijos na rede,  mãos dadas,
corações iguais no batuque,
via limpa, sem contra mão!
Que estupidez!
Ter na lembrança um verso incompleto
e mais uma traição!



Suzette Rizzo - September 29, 2017


























29 de setembro de 2017

Aprendo - Suzette Rizzo


Aprendo a distinguir pessoas,
classifica-las,
banir do coração,
quase todos,
os que fizeram meu ser de tolo.

Mas esta sensação não aplaude 
nem corpo, nem alma,
nem se abre em poemas.
Somente faz deste coração sensível, 
um pobre coitado que mal se aguenta, 
assim vazio de bons temas.

No entanto, as ilusões se afogaram
nas lagoas mesmo rasas,
consequência do amor sem alma.
Agora, a maré de sonhos anda baixa,
a saudade é fraca
e maiores são os danos, dura a causa,
da verdade que se encaixa. 

Suzette Rizzo_ August 07, 2003




O outro lado do amor - Suzette Rizzo

A fome do amor
me fez comer humilhações,
esmolar ilusões,
inchou meus olhos ardidos,
atirou meus rebotalhos
ao sereno das madrugadas...
Tomou conta desta alma
atormentada, enfeitiçada.

A sede de amor
me fez beber do fel das falsas verdades
e dos meus propositais enganos.
Fez-me engolir mentiras
imaginando lógicas explicações...
Fez-me idolatrar um coração de pedra,
como se indiferença fosse carinho
e jeito rude causasse emoção.

As coisas do amor
fizeram da minha alma indigente.
Como um cão sem dono chorando na noite gelada,
sem mãe e sem colo,
sem ninho, esperanças.

As coisas do amor
adoeceram sonhos futuros,
arraigaram-se à minha árvore
apinhada de más lembranças

Aquela cobra venenosa,
feriu mortal,
matando em mim a criança,
a palhaça, a mulher.
Deixou a dor tomar conta,
apagar todas as cores,
murchar todas as flores,
ser o que nenhum outro quer.
 
Autora: Suzette Rizzo 
2004
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Sou assim ( II ) - Suzette Rizzo





Catadora de misticismos,
investigadora do meu íntimo,
amante das minhas explorações,
escrevedora do que sinto.
Não sigo à risca a palavra alheia,
creio em minha consciência,
acho a saída de labirintos,
arco todas as consequências.

Meu pensar não teme os trampolins.
Sou assim, dona de mim!

Suzette Rizzo
May 23, 2017