2 de dezembro de 2017

Confinamento - Suzette Rizzo



Como um judeu em tempos nazistas,
o pânico aflorado,
olhos apavorados, olheiras profundas,
tensões  destrutivas,
vejo a minha casa bombardeada,
o tempo escurecido
e eu desprotegida dos meus escudos,
escorregando mais e mais,
pelo limbo do futuro! 
Estou esfolada, destruída,
o sorriso morto,
a boca emudecida,
sentidos todos atordoados,
olhos baixos, colados no chão,
somente temerosos deste mundo! 
Nem mais abro a janela como antes,
quando procurava paz nas estrelas
e dopava-me, assim observando janelas vizinhas,
admirada da vida alheia! 
Volto-me apenas à saudade
daquele bom samaritano,
alentador do horror deste carma feio
de viver sem opção
e, além de tudo, isolada dele,
único ser que amo!

Suzette Rizzo (Escrito em 94)


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