1 de outubro de 2015

Gabriel M Ribeiro * Suzette Rizzo



C A I S
gabriel m. ribeiro 


nunca percebi quando estive aí, 
se quando colidiram os nossos olhares, 
ou no dia em que manipulamos nosso adeus. 
nunca conclui que águas foram estas, 
se a de um mar se abrindo profético a um amor, 
ou uma tormenta inundando o coração  cigano.




nunca compreendi que cais foi este, 
se o porto esperado de muitas esperanças, 
ou o terminal indesejado de todos os 
sonhos. 
nunca entendi que distância foi esta, 
se o transcurso necessário à felicidade, 
ou o calvário nefasto das saudades. 
nunca percebi estas estacas de madeira, 
se prendiam almas no fundo do lago 
ou se procuravam evaporar com as águas. 
nunca concebi a vida passadiça deste cais, 
se foi a exata medida da nossa chegada, 
ou a métrica desesperada da minha 
partida. 

gabriel m. ribeiro
- 12 / 08 / 04

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C A I S

(SEDUÇÃO)
Suzette Rizzo

Não sei se o lago seduz
ou são teus olhos azuis.
Não sei se a vida é do cais,
ou se estas horas são vitais.
Só sei da alma das águas,
acalmando esta festa alvoroço
no meu pulsar.

Não sei se o lago dopa-me
ou se tua poesia hipnotiza.
Não sei quanto tempo!
Mas afundo-me nestes momentos,
revelando cada um,
nos filmes do pensamento.

E quando a pressão das mãos aumenta,
e o corpo amolece entorpecido
de tanto sentimento,
o revolver das límpidas águas
acompanha o compasso da alma.  
invadindo de amor o cais...

E o píer, fingindo inércia,
espreita os casais. 

Suzette Rizzo
10 08 2004









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