14 de abril de 2014




Rio de lágrimas
Suzette Rizzo

De mim se subdivide
momentos e deslizes
e nada restaura as dores
destes matizes
Aos poucos,
desta arvore que é parte do rio,
murcham folhas,
quebram-se os galhos,
morrem raízes.
Neste rio que sou
corre poesia apodrecida
e chora a essência persuadida


Sou um rio que desemboca
no oceano da nostalgia
e vive das coisas vencidas.
De mim, deságua a repugnância
de atos forçados,
a abundancia das coisas inalcançadas,
a cabeça baixa,
a sempre aceitação do assédio
nas horas da enxurrada.
Meu rio é composto de nomes
e signos tumultuados
que me afogam sem piedade
salgando-me  de lágrimas.
Percorro lento meu caminho
pertenço ao reino mineral ainda...
Assim me sinto porque escorro,
transbordo e morro no escuro rio
desta sina.

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