21 de junho de 2014

Outra história
(II)
Suzette Rizzo

Olhos cravados em algo
que ninguém via...
Alonguei o olhar no rosto pensativo
tentando adivinhar
o turbilhão que ele sentia.
Um dia eu soube
a constância daquele devaneio
e a causa do desnorteio
visível porém guardado
na alma e no peito.
Lembrava dos seus cães,
do carinho que não teve...
Lembrava do dia da adoção,
depois do frio na calçada,
de quando  botou o pé na estrada
e sofreu,
sofreu tudo que agüentou
da vida madrasta.
Conhecer-me  não aliviou,
nada aliviava...
somente quanto postava as mãos,
cerrava os olhos
e agradecia cada grão
que Deus mandava.
Então, adormecia como fosse leve,
como se nada preocupasse 
como se a vida fosse breve...


E se foi, com trinta e sete.

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