18 de julho de 2017

A esta hora - Suzette Rizzo


A esta hora da madrugada
a solidão parece maior,
as horas não querem ir
e as meninas dos meus olhos
nem mais  ávidas ou espertas
fingem dormir...
A esta hora, sempre a mesma,
reencontro sonhos nas paredes,
ouço musica ao longe,
brinco de psicografar conselhos,
caminhar nos Andes,
remover sombras dos cantos
para a saudade que é grande.
A esta hora da madrugada
quisera não sentir o pulso, 




guardar a sofrida alma
dos costumeiros embustes
e armazenar de vez as desilusões,
sob a escada daquela casa,
que só me pregava sustos.
Suzette Rizzo





É isso que aspiro - Suzette Rizzo

De sonho em sonho,
retalho em retalho
por todos os atalhos
vou indo.

De vida em vida, (e creio nisso)
vou emendando meu cordão
e que algo me tire de vez deste limbo
e me leve ao paraíso.

De verso em verso,
que eu chegue ao último dos universos
depois de todos os meus ciclos.


Da vida, quero apenas isso! 
Suzette Rizzo





Suficiência - Suzette Rizzo

Minha casa tem poemas nas gavetas,
debaixo da cama,
na cozinha,
pendurados no espelho...
Minha casa não tem gente viva,
apenas lembranças e lembranças
e muita poesia
que eu rezo como um terço,
em cada canto, em todo verso,
no caderno apoiado nos joelhos.
Sob esta casa passa um rio,
das lagrimas que penetram dia a dia,
nos vãos do piso frio.
Minha casa não tem beleza
mas tem a marca da consciência,
cães correndo nas áreas livres,
pombas e pássaros acasalando no telhado
e toda a espécie de pureza...
Minha casa tem a poesia da natureza
e sobre ela pairam anjos
e punhados
de sonhos e estrelas!






Agora posso! - Suzette Rizzo

Não posso correr atrás do sol
para que ele não se esconda,
nem segurar o azul do céu,
espantar nuvens,
plantar estrelas,
pairar nos ares como um fantasma,
muito menos encenar como tu encenas.
Mas posso deitar meu corpo
em sonhos que gosto,
empurrar da cama visões que desgosto,
ensurdecer-me as lembranças faladas,
trazer enfim a esta solidão
pensamentos utópicos.
Nada me impede de sonhar,
sonhar eu posso!
Suzette Rizzo




Sem ar - Suzette Rizzo


Usei tanto meu pulmão,
corri da vida como um coelho cheio de medo,
amassei meus joelhos
de tanto curvar no chão.
Aspirei dias melhores,
respirei puro bolor,
tossi por várias causas,
corri de tudo na vida,
mesmo em feridas.
Ressequei os pulmões
de tantas emoções
e meus  oitenta por cento liquido
vazou aos borbotões.
Usei tanto meus pulmões!
Chorei por vis recordações!
Suzette Rizzo