1 de junho de 2017

Café - Suzette Rizzo


Meu café da manhã não é apenas um café.
Uma porta se abre e por ela entra
um desfile de recordações.
Meu café da manhã tem cheiro de infância,
casa dos avós, adolescência,
meu pai de pijama na cozinha bem cedinho,
outras épocas com sabor de café mineiro,
goiano, café completo
e do malfadado tempo
que nem dinheiro eu tinha
para um simples cafezinho.
Lembro do café na cama, com leite, 
quentinho
do café bem acompanhado,
daqueles duplamente adoçados;
boca e olhos, alma e coração.
Lembro de tudo,
todas as fases da vida
que talvez tenham sido
boa vida, antes.
E o café continua abrindo portas,
emoldurando amor e dor,
mudando de sabor...
a começar pelo adoçante