11 de maio de 2017

Incultivável

Incultivável
Suzette Rizzo


Lembro-me...
Pareço boneca de cera
derretendo tristezas,
na interminável ladeira,
cega ao mundo ao redor.
Fecho os olhos, ouço risos
e meus ouvidos ouvem repetidos gritos,
de desamor, rejeição, asneiras.




Depois, entro em meu quarto
inundada de chuva e lágrimas
que escorrem, escorrem
e jamais secam meus olhos...
Nem mesmo agora,
que por justiça ou merecimento,
a realidade retoma o tempo perdido,
para devolver-me o amor antigo
e lágrimas novas.
( Escrito em 96 )


Poema-Prece

Poema-Prece
Suzette Rizzo

Magnetiza-me Mago dos céus,
leva minhas moléstias,
frutos das malfazejas emoções.
Devolva-me o fôlego da vida,
podes faze-lo, creio.
Adormeço em Teu templo,
cercada de mimos e terços
onde a Ti me entrego em total desejo
quanto as possibilidades.
Por ora, sugestiona-me com Tua energia vivificante,
depois cura este ser a ti semelhante 
em fé e afinidade.



Antes de mim

Suzette Rizzo

 A tarde chega mansa
e a mesma nostalgia chega junto.
Saudade de um outro tempo,
das ânsias de felicidade,
das pretensas esperanças,
dos sonhos próprios da idade...
Nada concretizado
nenhum dos meus desejos,
nem mesmo a calma de um bom destino
preenche mais,
o vácuo das expectativas.

Nem arranjando um pseudônimo
conseguiria alegria aos meus textos...
Nem beira mar apagaria este melancólico
estado de espírito.
Meu mundo é dividido em fases tristes
e amores nocivos.

Não posso pensar assim, sei que não.
Porém, não me desamarro
dessas correntes opressoras
nem posso curar feridas, 
pois não são elas utópicas
nem de balas de festim. 
Só sei, que sinto uma tristeza imensa
ao ver a tarde morrer
antes de mim




Acuamento




Acuamento
Suzette Rizzo

Estremeço diante da porta estreita
querendo escapar das dificuldades,
fugir do buraco da agulha...
Não quero morrer sufocada.
Mas a escolha, não é própria mente minha,
diz o anjo que ao lado caminha.
E o medo enfurna
por entre as paredes do que sou... 
Tenha eu, Pai ou protetor.