22 de outubro de 2017

A outra face do cotidiano - Suzette Rizzo




O cotidiano abre feridas 
nos olhos da alma,
nas horas da vida
e, impossível é não vive-lo.
O cotidiano é um jardim da infância,
os olhos prontos as descobertas...
Quem não for sensível demais,
passa de ano,
quem for, estaciona
por medo de enxergar
coisas concretas.

Amanheço, temendo abrir os olhos
para o mundo...
Desviando-os para o alto,
procurando o sol, a natureza,
fechando-os às criaturas,
aos vizinhos quintais
das asperezas...
por que o cotidiano espanta,
trás más surpresas.

Por isso, minha alma calejada,
se ouvir um gemido de bicho ferido,
faz-me correr para salva-lo...
mas se ouvir um grito humano,
passo a salvação às  mãos de outrem
e tapo os ouvidos para não escuta-lo.

O cotidiano mostra a vida como é...
tira máscaras, arranca expressões,
desilude o coração, mata ilusões...
E eu descobri o quanto dói
andar pelas mesmas ruas
e, notar nas mesmas caras simpáticas,
almas sarcásticas,
sorrindo mentiras da alma suja. 
Suzette Rizzo - 2004






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