28 de outubro de 2015

Envergadura



Envergadura
Suzette Rizzo

Quantas cores escuras
tem agora meus sentimentos
e quantos passos em terra árida
dei, dou...
nesta rotina de viver envergada
como um galho,
que o temporal quase quebrou.

O mundo aprontou-me ciladas
e a vida deslocada,
atirou da janela do último andar
esta alma inutilizada...
E não havia mais ninguém,
lá em baixo, na calçada. 

Desorientada, sufoquei-me,
nas cores sombrias...
Desiludida, não reparei
na estrada bifurcada
e nos vultos que perseguiam
meu vulto fantasma...

Falhei sempre...
E continuo sem mesclas de alegria
escrevendo ainda páginas e falhas,
sonhos que me desprezaram
e desprezam-me,
borrando dias e noites
de piche e lágrimas.  




---------------------------



-------------------
Escrevo como se purgasse,
liberando-me da dor.
É bom sentir por dentro
somente a leveza do amor.
Deste modo suavizo a tensão,
escrevo ânsias de paz,
viajo para além daqui
para longe dos seres do mal.
Depois nos misturamos,
(eu e ele)
entre os ipês amarelos,
sob  os tons azuis do céu


anestesiada por completo,
dos meus flagelos...
É assim que amo,
é assim nosso elo!


Suzette Rizzo