13 de outubro de 2015

Perspectivas




Perspectivas
Suzette Rizzo


Quisera não apenas
pensar e escrever romantismos,
mas colher frutos plantados,
molhar meus pés num rio
calmo,
sobretudo, ousar e ouvir o cosmo,
meu maior fascínio.





Quisera desviar carrancas que só eu vejo,
apagar da terra o demonismo,
espalhar estrelas pelo caminho
que ainda trilho.
Queria azuis somente!
Desmanchar da alma a sensação de cruz,
abraçar a luz.





Incubação


Incubação 
Suzette Rizzo 

Fértil de sentimentos
concebo imposta e acuada,
um a um esses filhos,
enchendo a barriga da alma
de desprazeres e tormentos.

Não são lindos os meus filhos,
nem possuem cor.
São descorados, insípidos,
desprovidos de forma
e fermentam muita dor ...
(Crescem com ares de insatisfação total
desde os tempos fetais).


Abasteço a alma, o peito,
a vida dessa cria que não busco,
de outros e mais outros sentimentos
que surgem por acaso,
sem coito, sem gozo...
involuntariamente.

Ah! Odeio esses filhos incubados,
embutidos,
mal-vindos,
impingidos subitamente.




Tudo é possível




Tudo é possível
Suzette Rizzo

É possível sobreviver aos trancos,
acostumar-se a falta de amigos
e, se bastar a escrita,
é possível sonhar sem mais ideais
ou caminhar sem meta.
Tudo é possível!
Desde que o sofrimento
não devaste da alma a fé
e a alma não se abasteça de vazios.
Tudo é possível com crença
e a solidão pode ser
sustentáculo do poema.


As manhas acontecem,
os pássaros cantam,
qualquer passado enobrece,
qualquer poema enaltece,
qualquer vento arrasta sentimentos,
qualquer água lava tormentos,
qualquer vida dilata e  rima,
qualquer coração trás poema.
É só querer dividir,
estar dentro de si,
escancarar o portal do dom,
deixar o secreto fluir.
Sou poeta assim.
Parindo meus sentimentos
com ou sem dor,
alimentando a mel  o prazer de ter
esses filhos de mim.
Suzette Rizzo


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