4 de agosto de 2015

Alma cármica

Alma cármica
Suzette Rizzo


Sonhei um caminho forrado de papeis A4,
e neles,
pensamentos e poemas lidos, relidos
como são os passos dados.
Sentia a alma abraçada a quenturas,
como se do corpo de cada poema
exalasse sutil mormaço.





Sonhei tantas coisas que não li ou escrevi,
cerquei-me de sábios e poetas queridos
nesse abraço.
Era um caminho verdejante,
numa redoma cristalina,
o oposto desta vida.
Acordei entregue a arrumação das gavetas,
entupidas da papelada de horas e horas
da inspiração drástica
desta alma cármica.






Enfado



Feel Blue
Suzette Rizzo

Tento estar totalmente sóbria,
entregue a nada,
como se meditasse a noite
entre ondas da enseada.
Apenas alguns segundos
e  me endureceria o corpo
e me adormeceria a alma
e não sentiria as águas.
Mas, não gostaria desse vazio,
causaria tal e qual
(escarne de poema fingido)
tingindo cores de tudo
de nada.




Totalmente sóbria
encolho pensamentos,
‘suas’ pilherias amontoadas
sob o jardim do meu templo
e fora da minha alma.
Devo-me um repouso
e comprimo um a um
os instantes de um tempo
sonso...
Não conseguiria meditar,
algo atrapalha!
Há uma gruta escura minguando
meu  bem estar
Desgraçadamente penso, penso,
penso .......
Até a cabeça doer
e a lágrima secar



Du Monde


Du Monde
Suzette Rizzo

Caminhava por seus dias,
muito distante da paz
e não sentia os efeitos da luz,
porque as trevas eram densas demais.
Atirava-se aos abismos,
preparando sua cama com delírios.





E de nada resolveu
aquele sinal da cruz diário
antes de dormir
ou seus agradecimentos a Deus;
Se  a conduta era digna do mundo,
e dos céus, jamais!

Era absurdamente sedutor
e creio ter sido esse o problema.
O mal crava os dentes naquele
que desperta amores ensandecidos.

Mas ele não era mau,
apenas do mundo.
Certa promiscuidade,
mas não consciente ...
Apenas, irritantemente  ativo...

E leigo nas questões morais,
atirou-se no lamaçal,
sem querer.

Se foi para sempre, tragicamente;
aquele anjo meu,
du monde.
Suzette Rizzo

19/08/2005





Sonhos & Visões



Sonhos & Visões
Suzette Rizzo

Visões!
Envoltas em ares místicos,
permitindo-me compreender
emaranhados,
alguns sem qualquer sentido
vivo.




Estão em meus olhos,
na penumbra e no sono,
nos caminhos entre cascatas,
paralelepípedos antigos,
casas iguais
em estreitas calçadas.

Sonhos são motivos,
exaustão ou vazios,
saudade ou aviso,
sonhos tão aflitos,
suaves ou nocivos.

E ninguém solta a voz,
não sorriem porquê?
Não demonstram qualquer
emoção, nada aparente... 
Sonhos hipnotizantes,
telepáticos,
apresentando a diferença
no fato de estar viva

Sonhos...  tenho tantos!
Sonhos místicos,
encantados,
sonhos avessos,
atrofiadores
das visões sensatas.

Estão todos estranhos,
antigos e distorcidos,
povoados de seres plasmados,
desconhecidos e não,
alguns tão amigos!

Sonhos são pedrinhas
marcando
meu caminho! 


 Suzette Rizzo