24 de maio de 2015

Sofridas lembranças



Sofridas lembranças
Suzette Rizzo

Recordações ferozes
do tempo algoz
de exílio reposto,
ensopado de lágrimas noturnas
no vazio do quarto morto.

Caneta ao lado,
diário necessário,
rotina de falar comigo
e, ouvir o escárnio
de mim mesma,
entre poemas compulsivos.

Ressoam, atingindo
os sonhos que inda tenho,
derrubando no chão deste outono
em que piso,
as folhas ressequidas de ontem, 
estaladas como gritos









Enquanto...


Enquanto é tempo
Suzette Rizzo

Abstraio coisas de mim,
bagatelas do tempo injusto
e outras que nem desfruto.
Nada melhor que ensacar o entulho
calar da alma o barulho,
recomeçar.

E vamos então as coisas experimentais,
viver alheios ao destino,
dobrar algumas esquinas,
andar por ai apressados,
tal qual corre a vida
pra chegar antes de nós.

Pronto! Estamos sem corpo físico,
apenas sonhos restaram,
talvez certa luz mágica.
Não é fácil nos enxergarmos...

Quem sabe, 
possamos flutuar com leveza
nossas essências
ou talvez estejamos medrosos
da nova existência

Pior que aqui não será...
Embora não haja
muitas escolhas por lá.
E quem somos, como somos,
a exposição dos pensamentos
mostrará.

Por enquanto,
abstraio defeitos de mim
atirando-os ao vento...
Que lá não há.