29 de março de 2015

Caos interior


CAOS INTERIOR
Suzette Rizzo 

Inspiração escassa... 
Intuição quase nada... 
motivação nenhuma!  

Estou recheada de tristezas...
Um amontoado
de histórias ácidas, ásperas,
esgotando a alma! 

Pobre essência! 
Apiedo-me dela, assim 
entupida de estragos...







vestida de vida esgotada... 
olheiras arroxeadas e nenhuma 
fase calma !  

E se um anjo não soprar lilases...
e se um santo não me ouvir as preces,
o que sou enverga, tomba, decresce ...

como um galho pesado, 
folha velha que desaba... 
feito inverno que não floresce!  

Mesmo assim, me abraço, 
entregando a alma a  ideais longínquos... 
imaginando levitações suaves; 
tentando alcançar otimismos.  

Que Jamais depositam suas asas 
em meus ombros, 
permitindo-me voar à leves sonhos!

 Suzette Rizzo



Acomodação


Acomodação
Suzette Rizzo 

Deixei pra viver depois
e o tempo abocanhou
a minha vida!

Esperei acontecessem por si
as coisas que eu quis
E o que eu quis se desfez
no tempo que perdi.

Agora, apaixono-me sim,
pela ânsia do amor.




Por criaturas que não posso ter,
por tudo que não posso mais.
Porque o tempo, aos poucos,
roubará de mim o exterior!

Então, nem mais sonho ilusões terrenas
Sinto-me nos braços no infinito, apenas.
Caminhando por entre os túneis celestiais,
cujo olhar escorrega tristemente
em meus restos vitais!

Ouço a melodia da madrugada
trazendo pra dentro a saudade
das coisas que não concluí;
na esperança de conseguir
acontecessem por si!

                            Suzette Rizzo

Credulidade


Credulidade
Suzette Rizzo


Acreditei que quando surgisses
traria de volta o meu sorriso
a lua em minha janela,
o mar em meus sonhos,
o suprir das minhas carências.





Acreditei em tantas coisas!
E aquelas mentiras
restituíram meu futuro
triste e cabisbaixo,
impeliram-me ao calvário,
envergaram meus poemas
para baixo.


May 31, 2014

Poesia do Vazio


POESIA  DO VAZIO  
Suzette Rizzo 

Seria evitável acordar do sonho amargo
tão desesperada,
se antes tivesse aberto os olhos.
Mas tua aura ofuscava dourando a praça,
ao som daquela melodia...
e eu,  tão necessitada de alegrias e paixão ,
dei-me ao sonho, no primeiro dia.

Depois, meu caro, os dias passam,
os sentimentos dão cria,
e o peito explode em ânsias malucas,
que nem Freud explica.
Depois, é sempre tarde para o recuo,
sempre desastroso o final,
sempre, em todo caso de amor,
invariavelmente igual.



Não é simples como o desmanchar
a barra da saia,
lavar os pratos do jantar...
não será nunca tão simples aceitar o desamor
ou da noite para o dia desamar.

E eu, como mulher igual as outras,
sedenta de um par,
encontrei o pote de mel na ponta do teu arco-íris ,
esperando ser feliz.

E fui ! Inebriantemente  entregue
às doçuras do começo...
e esse começo ai, ai, sempre tão doce,
que diante àquela leveza, pensei comigo,
nem mereço.!

Até que a sorte se perdeu 
pelos bueiros das coisas findas
e, até hoje,
tento exorcizar-te dos meus anseios,
e não consigo... não consigo !
Suzette Rizzo

Quando


QUANDO
Suzette Rizzo


Quando a fome dói
e o desamparo veste-se de caos,
o morro da noite  despenca
sobre um futuro paraplégico...
Os dias não estancam noites
e o que vaza,
penetra a fenda e escapa .



Quando a saudade
de coisa alguma,
tenta cavar uma brecha,
achar um escape,
e nada acontece...
A cabeça queima
e o sonho falece .


Quando a vida mata a ilusão,
pois ela mesma não se sustenta,
nem o vento carrega a magoa,
nem a musica acalma a alma...
Ninguém quer, ninguém alenta .


Quando bate a solidão
que isola o corpo dos outros
e os olhos gritam
vazios da essência,
de nada vale o calor do sol,
de nada vale a existência !

Suzette Rizzo