27 de março de 2015

Falta de ar



Falta de ar
Suzette Rizzo

Enroscada
nesta emboscada...

Nessa hora queria asas,
quatros patas,
ser rio de corredeira,
nuvem apressada...
E nem a chuva lava,
nem a vida passa
ou essa coisa desmaia.



Enredada
feito um peixe semimorto, 
de boca aberta,
debatendo, pedindo socorro
espetada em quatro arestas

Não morro...
mas desespero-me quando a boca fecha.

Este mundo é um soco
no nariz,
cúpula fechada,
refluxo de ar...
E os seres, uns idiotas aprendizes,
despejo de mundos inferiores
sem raça definida

Proteção animal



Proteção animal
Suzette Rizzo


Recuso escudos.
Que venham com ofensas,
ignorâncias,
que venham com seus recalques,
egoísmos, potências...
Este interior e reto e justo!
Dôo aos animais o meu melhor:
Minha saúde, meu esforço,
carinho, emoções,
minhas economias
e o pouco ar do meu pulmão.
Que venha a vizinhança hostil,
gente de pedra,
mente século V (5).
Não tenho escudos,
se tiver é o coração.



Amortecida


Amortecida
Suzette Rizzo 

Ando  por ai,
passo leve e vagaroso...
não há pressa de chegar
a lugar algum.
Não há pra onde
dirigir meus sonhos
e as ilusões já não são
ânsias bisonhas...
Agora voam
para além dos horizontes,
onde vivem
as verdades mais estranhas.



Mas não é pra lá que me dirijo
Estou sem combustível
até pra isso.