Manhã
de saudade
Suzette Rizzo
É manhã de inverno ensolarado.
Sair do inferno, recuar um pouco
a imaginação,
já foi bom!
É julho, quase agosto,...
E eu, que enfrentei tantos invernos,
aqui estou, tentando fugir
por aquela estrada,
mais do que nunca imaginária,
querendo chegar a deserta praia,
entregar-me a mesma emoção.
Foram manhãs de contar piadas,
manhãs de chá com bolachas,
manhãs de cama desfeita,
despreocupação...
Manhas preguiçosas, gostosas,
manhãs de companheirismo,
satisfação.
E agora, derrapando nesta manhã
perigosa,
de lagrimas grossas
e torturado coração...
manhã sigilosa, silenciosa,
saudosa...
eu, sorrateira caminhante,
passo-a, entupindo novos vasos
da nicotina,
nos anos do coração.
Nem praia, pastel de queijo,
biscoito Waffer com chocolate bem quente
frente a TV,
o bom som da Fitzgerald em CD...
Manhã aflitiva, de sonhos desmanchados ,
fugidios,
de rostos enfumaçados,
canções muito lentas pra chorar...
irreversível passado.
Faz o mesmo sol de inverno !
E eu, tomo um café bem forte...
(Café de mexer com nervos),
nesta manhã de buscar pedaços,
colar estragos...
manhã de pensar;
Onde andarão meus sonhos,
todos aqueles...
ingenuamente fantasiados.