2 de janeiro de 2015

Contra a parede


Contra a parede
Suzette Rizzo

Contra a parede,
olhos apertados,
com medo.
Nas minhas costas,
apontando uma arma,
a vida.


No meu sono,
a alma,
engolindo o amanhã.
Hoje não tem poema,
amanhã também não.
Assim asfixiada,
não entra o sopro
da inspiração.
Tento abrir os olhos,
entender que estou só
e que minha imaginação
desordena pensamentos.
E mãos grandes e ásperas
esbarram  meu rosto,
mostrando o carma gosmento.

Declaração da lua



Declaração da lua
Suzette Rizzo
                                            
...e o espírito da lua disse:
Olhe para meus raios...
são claros, como devem ser
cada um dos pensamentos seus.

Veja meu traje...
sou  eu a mãe da noite...
o mel que sai da boca dos casais.
Sou quem ilumina os passos
daqueles que andam no escuro.



Sou o momento de ternura,
a lembrança de quem sente-me...
sou companheira assídua
das noites do teu futuro.

Amanhã estarei aqui
neste mesmo lugar,
aguardando teu olhar de águas.
É ele que me atiça...
é por ele que brilho...
Teu olhar azul me fascina
planeta querido.


Dito isso, dormiu!

Alma cigana


Alma cigana
Suzette Rizzo

Brilha tanto a lua dos apaixonados,
a lua dos sonhos,
a lua da saudade...
Há silêncio na ausência da lua
e no céu da solidão não há
prateado no olhar.
Há vistas nubladas num cativeiro
e houve desesperança para anistia,
enfim, alcançada, não por fraternidade
e sim para desviar a corrupção ativa.
Quase não há raios lunares
aliança dos corações
e enfim, há pouca magia.
E aquela enorme lua faiscando luares,
onde anjos praticam alquimias,
desabou do lado de lá.


Vez em quando brilhou tanto
a minha lua!
A última cheia rapidamente minguou
e até hoje brilha outra banda.
Afinal, mora ‘nele’ o reencarne
de uma eterna alma cigana
Quanto a mim,
enterrei-me nesta cabana.

Melodia Cósmica


Melodia cósmica
Suzette Rizzo

Ouço a melodia do universo,
perfeita e clara,
adocicada como amor em versos.
Na lua tocam flauta
e as estrelas fazem pauta
para as notas inspiradas.
Ouço a melodia eterna,
a sinfonia das luzes que bailam
ao movimento do infinito.
É a melhor das composições,
o melhor dos acordes
maior que os concertos daqui
por mais divinos.


Ouço-a em meus ouvidos
quando a alma relaxa
aspira e respira
e flutua como um peixe
com suas fosforescentes guelras
e, por instantes
se afasta dos atritos
e conflitos desta terra.
Ouço a melodia do oculto
que só não ouve, só não consegue,
aquele cuja alma vive em guerra.