3 de outubro de 2014

Mistério


Mistério
Suzette Rizzo


É crepitante
o fogo de um instante
desse olhar teu,
Sempre uma delicia
o olhar malicia
que fica no meu.


Mas, o medo obriga o desvio
quando o teu olhar se abriga
mostrando o caos eterno
e o meu recebe  o aviso
da dor infinita do inferno.
Que amor é esse
que vive medrosamente
refazendo  mansamente
raízes e amanhãs?
Que escorre e retorna
na noite infame,
sempre e sempre outra vez
o que foi antes!
Que amor é esse?
Que nem eu perco, nem tu ganhas.


Para tecer sonhos



Para tecer sonhos
Suzette Rizzo
 
Nem amante ou candidata
apenas criatura vaga,
solitária, precisada de amor,
parceria, alma lavada.
Mas, a mulher só
seguiu seus próprios passos;
sem par, sem beijos, abraços.
Esperava por palavras,
somente palavras que soassem
bem aos ouvidos,
mas nenhuma cantava, encantava
ou sorria-lhe o interior
e quando faladas alarmavam
o coração desigual
nas questões de amor.
Era pra ser assim...
e cercada por insensibilidades
acomodou-se onde pode,
fixando o olhar além céu,
naquele que era um passado morto
oculto por muitos véus.
Alimentou-se de vestígios, farelos,
sombras, fantasmas...
Descreveu seu pensamento enigmático,
oposto, desgostoso,
inventando de si ectoplasmas
para tecer sonhos.

Tantos pensamentos


Tantos pensamentos
Suzette Rizzo
 
Solitários, enigmáticos...
Aconchegando frases filosóficas,
dicas cósmicas, conjecturas.

Debaixo do sol,
sentada numa grande pedra, penso,
invoco respostas para as minhas dúvidas.



Ouço de mim deduções
e deslizo sobre o papel, palavras,
dirigem-se elas, a lugar algum.

Recolho-me
e somente na penumbra da minha solidão,
o silencio responde algo...  indecifrável.