18 de setembro de 2014

Escolhas e mudanças


Escolhas e mudanças
Suzette Rizzo

Recolho o pensamento anarquista
hoje apinhado de clarezas.
Intempestivo destino este
atravancando fases desde as infantis!
Porém, somente agora percebo
o que antes não percebi:
Delirei como um terráqueo sonso
igual a todos os que sempre critiquei.
Inspirei-me nos iludidos
e sofri o mal das ilusões
abraçando péssimas decisões;
Mora em mim o pesar dos tolos,

aspiro hoje combustões

Amor sereno ou... exaustão de paixão


Amor sereno
ou... exaustão de paixão

Suzette Rizzo


Deita a cabeça em meu colo,
quero fazer-te meu filho,
não importa o ouro da tua idade.
Depois, retribua esse amor
fraterno,
melhor que a paixão loucura
e seus frenéticos desejos
nada duradouros.

Tenha amor igual ao meu,
conforta-me,
tira-me desta aflição
de aguardar solitariamente
minha vez ao matadouro.
Canta pra mim teus azuis,
faça-me musa,
mas olhe para os meus olhos,
ouça minhas palavras,
não te quero olho grudado
no decote da minha blusa.
Pode ser amor assim?
Então, venha para mim.


Dentro do poema


Dentro do poema
Suzette Rizzo

Dentro do poema,
vejo a alma escorrendo
no bramido do silêncio.
E lacrimosa
segue meus passos
sentada no canto dos versos
no seu compasso sempre lento.
Passo por vitrines,
atravesso tantas vidas,
torço o tornozelo
num gigantesco buraco.
E ela, a alma, atrás,
ora tropeçando nas vírgulas
excessivas,
ora descansando nas palavras
sem espaço.
Dentro do poema
não me sinto só nem mal,
apenas extravaso.
Dentro do poema
entre pesares quero amar,
raras vezes sou feliz,
vez ou outra me caso.