29 de abril de 2014


Repouso
Suzette Rizzo

Repousa nos pensamentos
um longínquo sentimento de amor.
Seria drástico não fosse lógico,
seria bom não fosse trágico,
o desabar das ilusões.


Todo o entendimento ruma
estrada abaixo...
todas as convicções derrotadas,
todos os bons sentimentos remoídos
reduzidos a pó e do pó a nada.

Descanso a mente do incerto...
Sou pensadora convicta das modificações
que o tempo ensina.

Arreada, desisto do deslumbramento,
das esperanças e da minha crença,

por ora em detrimento.



Meu lema
             Suzette Rizzo 

Não poderia estampar
a máscara da felicidade
em minha cara
porque o oposto gruda no rosto.
Nem poderia fingir nunca,
porque a verdade é meu lema
e essa bandeira ergo
seja como e onde for.



Não poderia ser
uma outra que não sou
nem mesmo pra contentar
fantasias de amor.

Coisa  banal
tatuar ares sorridentes
quem não tem...
Se a vida não sorriu,
não sorriu, ponto final.


Não poderia ter olhares curiosos
ou estúpidos...
acho sem graça
semblantes únicos.

Não posso correr
do meu sub consciente,
nem luzificar as sombras
da minha alma.
O emocional descomedido
faz parte da minha vida
e me arrasa...
Minha sensibilidade máxima
jamais se acalma.

Mas, nunca virei a mesa,
nem rodei a baiana...
somente sento na calçada
e choro borrando a cara.
Talvez eu seja o mecanismo
de uma obra meia boca
por ora inacabada.



Acorrentados
Suzette Rizzo

Estou no pensamento
daquele que me lembra
alguns momentos.
E preenchemos certo espaço
que jamais será vago
nem levará pra longe
seja fraco ou forte o vento.
Existimos e estaremos interligados,
almas conjuntas que somos ,
corrente cujos elos
no tempo se juntam. 
Não há como secar
sentimentos vazantes
do oceano das essências
de ânsias semelhantes.
Por hora o que há
é matéria individual
por ora desagregada,
cada qual moldada a outra massa,
par ou não da densidade.
De nós, creio, muito sobra,
embora sejamos sombras
aguardando a soltura
e revelação de tudo.
Além disso, temos sim, 
a graça e o poder
de imaginarmos asas
a sobrevoar nossos mundos,
tal anjos ou bruxos.


Farejando
Suzette Rizzo





Toco o céu com as mãos
e não estou no Himalaia
Daqui deste delírio,
integro-me ao Todo.

Vou além, para lá...
onde se escondem sutilezas.
Muito além da lua e dos planetas
e tão perto que alcanço o pensar
e sinto a boca que me beija.

Toco o ar, aspiro fundo,
recolhendo em mim
meus queridos todos.
Do meu universo transbordam
milhões de estrelas...
E dele caem os versos
que a alma fareja. 
 




ESTA NOITE
Suzette Rizzo  

Esta noite,
meu sonho atravessou
ruas e ruas...
embriagou-se de tanta busca
pelos bares da redondeza. 



Depois, despertada,
uma tristeza aguda
se infiltrou...
Perdi todos os caminhos
das visões iluminadas. 

Mas, esta noite mais que outras,
fui premiada...
Meu sonho subiu escadas,
ultrapassou portas trancadas
e vivi grande apogeu...

Esta noite
meu sonho se deitou
ao lado do teu.

Suzette Rizzo



Como será?
Suzette Rizzo

Não preciso mais sentir dor
para aprender a vida.
Devo ensinar-me  o riso,
algum jeito de sentir
alegrias novatas...
Na verdade fartei-me
de tantas lágrimas.

Certo escritor me disse que o riso
a gente colhe pelo caminho,
fixando o céu, inventando arco Iris,
na imaginação simples
de estarmos vivendo 
dentro de um sonho.

Mas, como será isso?
Pergunto ao meu lado menos insano.
Como será que a alma da gente
sorri com gosto, fingindo não ver

este mundo  profano!?