18 de abril de 2014

ALMA TRITURADA
Suzette Rizzo


E os anos correm
velozes como um cavalo
solto no prado.
Nunca mais pude rir
de coisa alguma,
tamanhos foram os
malefícios
a mim dirigidos...
todos como um raio! 

A minha poesia é custosa...
a boca é seca...
e o mar revolto da
minha alma,
faz de tudo que penso
um cofre fechado a senha,
para que eu não exponha
este declínio ferrenha. 

Nem sempre vivi assim,
trancafiada dentro
da minha concha,
deixando tudo escapar
pelas portas deste destino
que não posso mudar,
nem brecar. 

Ouço o mundo gritando
despudores...
assisto a decrescência de todos
e seguro nos olhos
a lua nova...
Para que meus dias
se alimentem
da luz em desova. 

Fugiu a sensação do riso...
e o que alastra é martírio,
muitas perdas...
e as letras, cujos dedos
enrijecem,
para que eu me perca! 

Estou exausta dos conselhos
teóricos...
Desta íngreme ladeira
que me tira o fôlego...
Exausta da ausência
de melhor poesia...
De cada tentativa falha...
Da companhia deste carma . 

E a minha alma empacada,
teimosa feito mil asnos...
não desata !