17 de abril de 2014

A OUTRA FACE
DO COTIDIANO
Suzette Rizzo

O cotidiano abre feridas
nos olhos da alma,
nas horas da vida
e, impossível é não vive-lo.
O cotidiano é um jardim da infância,
os olhos prontos as descobertas...
Quem não for sensível demais,
passa de ano,
quem for, estaciona
por medo de enxergar
coisas concretas.

Amanheço, temendo abrir os olhos
para o mundo...
Desviando-os para o alto,
procurando o sol, a natureza,
fechando-os às criaturas,
aos vizinhos quintais
das asperezas...
por que o cotidiano espanta,
trás más surpresas.

Por isso, minha alma calejada,
se ouvir um gemido de bicho ferido,
faz-me correr para salva-lo...
mas se ouvir um grito humano,
passo a salvação às  mãos de outrem
e tapo os ouvidos para não escutá-lo.

O cotidiano mostra a vida como é...
tira máscaras, arranca expressões,
desilude o coração, mata ilusões...
E eu descobri o quanto dói
andar pelas mesmas ruas
e, notar nas mesmas caras simpáticas,
almas sarcásticas,
sorrindo mentiras da alma suja.
Suzette Rizzo


20 Segundos
                   Suzette Rizzo
 
 
Em 20 segundos  
desorientei-me,
enlouqueci,
desfaleci... 
Fui cruelmente atirada
por cima da muralha
de um mundo que jazia
estagnado
para outro deteriorado
 
Em 10 segundos acordei
olhei em volta,
percorri o passado,
caminhei pelo futuro,
exterminei-me.
 
Em 5 segundos
chorei
gritei
morri
renasci
sorri
dancei ...
venci.
              Suzette Rizzo
 

A dor dos erros

A dor dos erros
Suzette Rizzo

Erros malditos os meus,
planando sobre minha cabeça,
tomando forma de insetos asquerosos,
saciando seus órgãos esfomeados,
dos meus atos cancerosos. 

Cresceram dentro da alma,
estouram gritos de remorsos
e eu, apenas repudio-me,
por feitos e mal feitos,
estremecendo meus ossos. 

Piranhas interiores,
rasgam meus pensamentos,
comem do meu banquete,
bebem das minhas mágoas,
submergem em minha alma,
soltam seus excrementos. 

Erros malditos, purulentos...
negando-me sonhos claros,
enclausurando-me a tormentos...
E eu, pecadora sem perdão,
deslocada entre azuis,
ardo-me neste incêndio.
Suzette Rizzo