Como
elefante (2)
Suzette
Rizzo
Não
esqueço...
Sou
como elefante.
Mentira
dizer que esqueço coisas
tatuadas
no âmago,
coisas
que exigiram demasiada atenção,
coisas
gravadas nos bits da memória.
Não
esqueço quem me cortejou,
quem
magoou profundo,
quem
meus olhos observaram,
não
esqueço quem faz parte
das
páginas da minha história.
Não
esqueço quem me consola,
quem
sei que a boca nem diz
mas
intimamente chora.
Não
esqueço os degraus da vida,
nem
a marcha fúnebre
que
esta alma deplora.
Não
esqueço os estilhaços
nem
as suturas
da
dor que perfura.
Sou
como elefante, ando devagar,
em
cada passo meia década
e
um acumulo de dor,
a
vazar pelo olhar.