8 de março de 2014



A lei
Suzette Rizzo


Certamente eutanasiei
vidas recuperáveis,
matei de fome animais e semelhantes,
passei por cima dos mandamentos,
cometi erros demais graves,
matei por crueldade.



Certamente ateei fogo em místicos
nos tempos da inquisição,
joguei cristãos aos leões,
gargalhei sentindo cheiro
de carne chamuscada,
dormi embriagada pós ritual
de pombas ensanguentadas,
na cama de algum adepto de Baco
e após envenenar meu companheiro...

Óbviamente cerrei homens pelo meio,
abortei salvadores da humanidade. 
Certamente foi assim
ou estaria existindo
uma simples normalidade.


Amanhã
Suzette Rizzo 


Deixarás de lado os vestígios
do teu Hércules e rei Midas
a sabotar tua alma.
Serás somente o ser sofrido,
disposto a chorar o impossível
até prostrar o corpo,
tamanha calma.





Então, renascerás como eu,
que deixei de lado a pretensão,
de achar que sou mais sabia
que os vizinhos da minha essência
e mais conhecedora dos conflitos
amorosos e críticos.

Bom é deixar de lado e de vez
o passado,
o corpo esquentado,
os sonhos gastos...
E sermos somente pessoas
sem quaisquer disfarces,
apenas a evitar recordações
meladas ou amargas;
Assexuados sim, até reencontrarmos
nosso porto seguro.

Pois então, estarão distantes
todas essas coisas,
muito atrás,
entre as dores do mundo, 
em nossa estrada da vida,
nas esquinas esquecidas,
apenas páginas viradas.

Então, refeitos de vez das dores,
subiremos numa árvore bem alta
para cantar nossa liberdade de ser
e a possibilidade abençoada
de esmagar
ressequidas folhas de outono...
Serão apenas fragmentos
das gélidas saudades
e ingratas desilusões,
que o vento levará.

Uma hora qualquer,
rasgaremos o lacre do futuro
para ler o que foi reservado.
E viveremos novas histórias
debaixo do sol;
Que o tempo escreverá
através de nós.
                         Suzette Rizzo
                   

(Inspirado no texto de Xande Rego)



Fim de Caso
(Esse amor meu)
Suzette Rizzo

Queria ter contado o tanto que aprendi
nas ausências,
dos livros que li,
da saudade que senti,
das melodias que ouvi
imaginando acontecer...
Queria ter contado
os sonhos que sonhei, o quanto sofri
e que apesar de tudo,
nada disso me saturou ou perfez
a falta desse amor meu.


Queria que o dono disso tudo 
soubesse que compreendi
e mais que isso...perdoei.
Que meus dias foram tristes
porém preenchidos, 
das tantas lembranças que guardei
desse amor meu; 
Neste coração jamais vazio
mas que sem ele, adoeceu.