7 de março de 2014

 O que haverá?
Suzette Rizzo

O que haverá amanhã,
hoje à noite,
daqui a pouco,
de bom,
de leve,
de ansiedade!
Haverá uma ponta de ilusão,
uma pequena sensação de felicidade?
O que haverá em meu sonho!
Terei um?
Daqueles bons,  
de saudade satisfeita,
amor antigo,
paixão recente que deleita...
O que haverá na madrugada...
uma noite estreita?
Um túnel,
uma passagem de agulha,
coisa alguma?
O que haverá nesta alma
além de lembranças
e além da constância desta tristeza
cravada nas entranhas...
O que mais haverá?!

Desejos
Suzette Rizzo

Que meus desejos sejam realizáveis
e daqui em diante,
eu não me amarre aos pés da fraqueza.

Que o poço do amor se feche
e a escada se quebre,
para que jamais eu desça outra vez
aos confins da fatalidade.

Sou apenas um ser comum,
portanto incapaz de deter
a correnteza do amor
que arrasta a alma aos abismos.

Agora, quero ouvidos surdos
as milongas...
olhos cegos a outros encantamentos...
E se tenho direito à vontade,
que minha alma nem se atreva
a permitir-me,
                   nova adversidade.
2013/2014
Suzette Rizzo


Esqueço da vida louca,
da trama de anseios sérios
que não deu pé...
E finjo não lembrar o tempo velho
que muda só de algarismo
e faz de conta, anima e brinca,
como os olhos de um menino.

Mas, voou como andorinha
que permanece onde aquece
(e feliz retorna ao lar)...

Tempo é assim, doida corrida...

Passa mesmo num repente
vai e volta no vento,
trazendo a alma num ventre,
a quem merecer outra vida.

                        Suzette Rizzo
Duas histórias
                Suzette Rizzo

Estou indo te encontrar,
unir nossos destroços,
misturar nossas lágrimas...
Encontraremos um Iglu
abandonado
e aquecidos assistiremos
pela janela como um filme,
a neve cobrir nossos deslizes
e sentimentos mesclados.

Escreveremos nossa obra
sob cobertas de lã.
Chamar-se-á "Duas histórias",
ambas carcomidas
por lembranças acidas.
Duas almas corroídas
pela vida incauta.

Em silêncio, recordaremos...
Será preciso rever maus momentos,
percorrermos aquelas estradas
espinhosas,
pós-primavera florida...
Mas no inverno intenso,
migraremos como andorinhas
aos mares do nosso país,
para matar saudades do sol.

Sabemos...Nenhum de nós será feliz
enquanto o céu esconder seus anjos,
pré-anunciadores das boas novas.
E imploraremos sem resultado,
por esperanças de paz,
ecoadas aos céus ensurdecidos.

E até que nossos apelos sejam ouvidos
e nosso esforço afaste
por entre as geleiras um caminho virgem...
Não encontraremos um destino domado,
nem o esboço do cenário
de um próximo ato.