4 de março de 2014

Revolta
Suzette Rizzo

Estágio penoso,
  dilacerador de entranhas...
  Maldito tempo que
fez-me cobaia,
pra testar o meu limite...
  fazer acertos,
  rasgar meus nervos,
  causar esta gastrite.


Estágio covardia
  coisa mal digerida,
  inconcebível...
  E mesmo antes
dos machucados,
  cobrou-me, Deus, a subida...
  Antes mesmo de ser vida !


Cansei das águas estagnadas
em meus caminhos sedentos
de imenso oceano.
  Cansei dos momentos de cio,
nunca mais ouvi Caetano.


Estágio aos pedaços
Aqui... Ali... A sombra do fracasso:
Acompanhante estúpido
colado aos meus passos!

Suzette Rizzo_ February 02, 2002


Joelhos
Suzette Rizzo

Revejo o cenário
das lembranças de colégio 
com o mesmo espírito quieto.
Menina e tímida,
o destino inda moleque
no diário capa dura azul celeste.


Assim relembro o uniforme marinho
meias três quartos
e eu tão pequena no enorme pátio.
que até era o país das maravilhas.
Depois, aos poucos foram surgindo
aquelas jovens expectativas
a empurrar a vida,
a estampar sorrisos na boca
e sonhos lilases
por trás das pálpebras
nas noites bem dormidas. 
Mais tarde... se aconchegam  falhas,
alegrias precárias,
desilusões malditas.
Escorro os olhos no cenário
dos anos
buscando a vida esquecida,
correndo atrás de esteios,
encontrando a saia curta,
a saia justa e o despertar
dos anos nos meus joelhos.


 
Quem não ama
Suzette Rizzo

Quem não ama murcha os sonhos,
deteriora pensamentos,
cai entre escombros,
lesa a ilusão necessária,
carrega pedras nos ombros.

Quem não ama,
não vê azuis...
não ouve sons divinais,
não esboça sorrisos,
não tem brilho no olhar.

Ah! Quem não ama
veste-se de escuridão,
maltrata alma e coração

e morre só,  sem destino, anseios... 
de ter quem rever no além, pra sentir,  

verdadeiras emoções.
Incenso
Suzette Rizzo

A fumaça dos Incensos me sufoca
e aviva chagas e falsas caricias,
essas que trago na alma infinita.
Não queria, juro, morar aqui
nessa terra estéril de amor,
nem desabar do morro-sonho,
tamanho peso da solidão
e diferencia mento.
Mas moro na cratera-desamor
rodeada deste mundo malfeitor
que me é tormento.

Só queria naufragar numa verdade
única,
não rever seus anteriores versos
nunca!
Mas vejo, releio e percebo
permanentes buscas e desejos.
Ah! Seus poemas consomem...
Barram-me o ar como incensos...
E o peito, amor meu, creia,

anda mesmo... duplamente enfermo.

Impregnação
Suzette Rizzo

O azul crava punhais
e os castanhos desandam aflições.
Minha alma se enfurece, chora,
decresce e me perco
entre repartidas inspirações.
Ah! Perdão pela descrença,
mas sinto de mim tanta pena!
Perdão! Seus olhos nem mentem,
mas a indecisão surge
da tua quase frieza, que os meus sentem.
Tuas ilusões facilmente se desfazem
e temo a margem das águas azuladas
ou não.
Sinto  
entregar-me em vão!